A venda de 95% do capital da CP Carga à operadora ferroviária suíça MSC será concluída na quarta-feira, segundo adiantou à Lusa fonte ligada ao processo.

A conclusão da venda da empresa ferroviária de transporte de mercadorias à Mediterranean Shipping Company Rain – Operadores Ferroviários (MSC), pelo valor de 53 milhões de euros, celebra-se quarta-feira numa cerimónia à porta fechada, na sede da CP na Calçada do Duque, em Lisboa.

Em dezembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) deu luz verde ao negócio, a última etapa para a concretização do negócio, depois de o anterior governo ter assinado o acordo para a venda a 21 de setembro de 2015.

Os trabalhadores da CP Carga têm-se manifestado contra a conclusão do processo de privatização, tendo hoje mesmo convocado uma greve para 28 de janeiro, dia em que farão uma ação de protesto que se inicia na Avenida da República e terminará no Ministério do Planeamento e Infraestruturas, que tem a tutela da empresa.

No passado dia 13, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse que o processo de privatização da CP Carga está em curso, realçando que a suspensão não está prevista nem no programa de Governo nem nos acordos políticos com o PCP e com o Bloco de Esquerda (BE).

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“Como sabem, não estava nem no programa de Governo nem nos acordos políticos. Essa empresa não estava entre as que era prevista a reversão [da privatização]”, afirmou na altura Pedro Marques, no Aeroporto de Lisboa, à margem da apresentação de novos investimentos da ANA – Aeroportos de Portugal.

A MSC Rail vai investir 53 milhões de euros na CP Carga, empresa detida pela CP — Comboios de Portugal que se dedica ao transporte de mercadorias, recebendo da casa-mãe material circulante no valor de 110 milhões de euros.

Segundo o antigo secretário de Estado dos Transportes, a multinacional suíça assumiu o compromisso de capitalizar a CP Carga em 51 milhões e ofereceu dois milhões pelas ações, tendo apresentado a melhor proposta financeira, face à da Atena Equity Partners, no valor de 45,5 milhões de euros, e da Cofihold de 30 milhões de euros.

Aquando da decisão, Sérgio Monteiro referiu ainda “um conjunto de matérias nomeadamente de assunção de dívidas que foram contempladas na proposta da MSC”, referindo o pagamento de dívidas a entidades públicas [CP e Infraestruturas de Portugal], à conversão de dívida comercial e o número de locomotivas que precisam de ser transferidas.

A MSC Rail assume ainda na sua proposta “um compromisso de estabilidade laboral”, disse o governante, acrescentando que o número de postos de trabalho deverá aumentar, tendo em conta o aumento da competitividade da empresa em mãos privadas.

A MSC – Operadores Ferroviários era um dos principais clientes da CP Carga.