Vários representantes de autoridades da região Norte apelaram hoje à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para que haja maior comunicação com as entidades a nível local para prevenir estragos causados por eventuais cheias.

Na primeira sessão de apresentação dos Planos de Gestão de Riscos de Inundações (PGRI), no caso o referente à região Norte, que decorreu na Casa do Infante, no Porto, o ponto mais discutido foi o da situação de cheias do fim de semana de 09 e 10 de janeiro, na sequência das quais o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal do Porto, Manuel Sampaio Pimentel, disse que “50% dos sensores [de deteção de cheias]” não estiveram operacionais.

O responsável da APA na região Norte, Pimenta Machado, ecoou a resposta da agência na altura, que garantiu que “todas as estações de monitorização relevantes para emitir alertas hidrológicos” sobre o caudal do rio Douro estavam operacionais durante as últimas cheias no Porto.

A insistência de Sampaio Pimentel de que tal informação tinha sido transmitida na Capitania do porto do Douro foi corroborada por José Matos, oficial-adjunto da capitania que assistia à sessão e que afirmou que, naquela data, “em termos de visualização de dados, das 57 caixas que aparecem com informação quer udométrica quer hidrométrica 36 estavam inativas e 21 estavam ativas, o que representa mais de 63% [de inoperacionalidade]”.

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Em resposta, a chefe de divisão do estado das disponibilidades hídricas da APA, Cláudia Brandão, lembrou que estavam “todos a trabalhar para o mesmo” e constatou que, em conjunto com mais cinco técnicos, gere 900 postos de medição por todo o país, para além de prestar apoio à Proteção Civil.

Cláudia Brandão referiu ainda que, para além das caixas danificadas, há várias que estão colocadas para efeitos de acidentes de poluição, mas que já foi decidido que vão ser removidas, pelo que as contas de atividade feitas pela APA são realizadas apenas em função dos postos “que têm por objetivo prever as cheias” e não pelo total.

Da parte de Vila Nova de Gaia, o comandante operacional municipal, Salvador Almeida, afirmou que no fim de semana de cheias não tiveram acesso à informação de qual era a cota do rio Douro na Régua, o que permitiria prever o comportamento do rio a jusante.

“Tenho muita pena que não tenha tido acesso à informação da Régua porque ela estava lá. A Proteção Civil tinha a informação, não percebo porque é que não lha foi disponibilizada”, respondeu Cláudia Brandão.

Momentos antes do início da sessão, Sampaio Pimental disse aos jornalistas que “acima de tudo é preciso que as várias organizações trabalhem de forma coordenada entre si”, uma vez que “se isso acontecer enfim [haverá] naturalmente consequencias positivas”.

Cláudia Brandão lamentou que tivessem tido 10 meses para fazer os PGRI em vez dos dois anos inicialmente previstos, estando agora abertos à participação pública até 17 de março, com a próxima sessão já marcada para o dia 27 deste mês em Coimbra.

“Os PGRI visam a redução das potenciais consequências prejudiciais das inundações para a saúde humana, o ambiente, o património cultural, as infraestruturas e as atividades económicas nas zonas críticas”, de acordo com a página da participação pública.