Faleceu esta terça-feira, em Lisboa, Tomás Espírito Santo, pioneiro ao nível das políticas públicas de ambiente, motivo pelo qual foi homenageado, na companhia de outras cinco figuras, no último Dia da Terra (22 de abril) pelo então ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva.

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A carreira de Tomás Espírito Santo começou em Lisboa no Serviço Meteorológico Nacional, que existiu entre 1946 e 1976. A função equivalente foi continuada em Moçambique, onde ficou pelo menos um ano na década de 1950, segundo assegura ao Observador o centro de documentação do IMPA.

De volta a Portugal e depois do 25 de abril de 1974, o engenheiro geógrafo foi convidado por Ribeiro Telles a integrar o Ministério da Qualidade de Vida. Segue-se uma representação de Portugal na Nato e o regresso ao respetivo ministério, desta vez por convite do então ministro, Francisco Sousa Tavares.

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Do seu currículo fazem ainda parte os seguintes títulos: diretor do Projeto Nacional do Estuário do Tejo e diretor-geral do ambiente, assim nomeado em 1983, lugar que ocupa até regressar ao Serviço Meteorológico Nacional (o atual IPMA), também na condição de diretor-geral. A isso acrescenta-se a presidência do Instituto Superior de Meteorologia e Geofísica e dos Serviços da Comissão Nacional do Ambiente.

A vocação para o meio-ambiente ficou ainda documentada em alguns livros, do qual é exemplo a obra Ambiente e Meteorologia (Desafios Sempre Atuais), apresentado ao público em 2011 por Carlos Pimenta, em tempos secretário de Estado do Ambiente, ele que considera Tomás Espírito Santo um homem “de ambiente foi uma pessoa extraordinária”.

Sempre norteou sua vida pelos valores da verdade, integridade e do trabalho. Foi um percursor, já que antes mesmo do 25 de abril colocou o ambiente na agenda política, sustentando as suas posições com enorme rigor técnico e demonstrando uma capacidade excepcional de liderança que incluía energia e entusiasmo e fazendo extrair de cada colaborador o melhor que ele tinha, dando lhe espaço para criar e desabrochar”, comentou Carlos Pimenta ao Observador.

A isso Maria Teresa Goulão, que fez o seu percurso profissional ao lado do falecido engenheiro, acrescenta:

Foi um homem de fé, bom, íntegro, com uma visão — antes do seu tempo — dos problemas do ambiente. Um mestre para toda uma geração que na sua dedicação e conhecimento encontrou inspiração. Um amigo que sempre nos deu a mão.

Fora das lides do ambiente, Tomás Espírito Santo exerceu o cargo de governador civil de Vila Real entre 1970 e 1974, além de ter sido deputado pelo CDS à Assembleia da República e membro ativo de várias outras instituições de cariz religioso.