Os chefes da diplomacia norte-americana e russa reiteraram, em Zurique, o seu apoio às negociações de paz entre o regime sírio e a oposição moderada, que deverão arrancar na segunda-feira sob os auspícios da ONU.

Os representantes de Moscovo e Washington pretenderam desta forma dar um importante impulso a estas negociações e diminuir o clima de apreensão e de incerteza em redor do processo.

“Temos a certeza” que as negociações em Genebra “vão começar nos próximos dias, em janeiro”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, aos jornalistas, no fim de uma reunião de três horas com o seu homólogo norte-americano, John Kerry, em Zurique, Suíça.

Estas negociações fazem parte de um roteiro para a paz adotado, por unanimidade, em dezembro do ano passado pelos 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para encontrar uma solução política para o conflito que afeta a Síria desde março de 2011 e que já fez mais de 260.000 mortos e milhões de deslocados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O roteiro tinha sido elaborado em Viena em novembro por 17 países, incluindo as grandes potências e os vários protagonistas regionais do conflito, como a Arábia Saudita e o Irão.

A proposta inclui um cessar-fogo, a formação de um governo de transição e a organização de eleições num prazo de 18 meses.

“O processo diplomático vai começar em breve, esperemos que em janeiro, foram propostas diversas datas, mas a decisão final pertenceu ao secretário-geral das Nações Unidas, com os conselhos e as recomendações do seu enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura”, prosseguiu Lavrov.

O ministro russo frisou ainda que Moscovo não tem qualquer intenção de adiar o início das negociações para o mês de fevereiro.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, não fez qualquer declaração aos jornalistas, mas o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, referiu, num comunicado, que os dois representantes “discutiram o projeto de negociações entre as fações sírias, sob a égide da ONU, previstas para 25 de janeiro e a importância de continuar a avançar para uma solução diplomática para a crise síria”.

Na terça-feira, o Departamento de Estado reconheceu que “ainda existia muito trabalho a fazer” para garantir o início na próxima segunda-feira, dia 25, das negociações entre a oposição síria e o governo de Bashar al-Assad .

Hoje, uma coligação da oposição síria anunciou, na Arábia Saudita, a composição da delegação que estará presente nas negociações em Genebra, tendo ainda exigido o fim dos bombardeamentos e o cerco das zonas habitadas na Síria.

Em dezembro, Riade organizou uma reunião com alguns grupos opositores sírios, possíveis participantes nas negociações em Genebra. A Rússia fez o mesmo com outros grupos e o Irão fez questão de expressar as suas ideias sobre o assunto.

Do lado do regime de Damasco, o governo sírio concordou aceitar, em princípio, deslocar-se a Genebra, mas quer ver primeiro a lista de delegados da oposição.

Ao nível do plano humanitário, a Rússia, que começou a bombardear a Síria a 30 de setembro do ano passado, está “pronta para uma coordenação mais estreita com a coligação norte-americana”, disse Lavrov, ainda nas declarações em Zurique.

De acordo com o Departamento de Estado, John Kerry “exortou a Rússia a usar sua influência sobre o regime de Assad para garantir um acesso humanitário imediato, sem obstáculos e durável para todos os sírios em necessidade, especialmente aqueles que vivem em zonas sitiadas como Madaya”.