As eleições presidenciais no Haiti convocadas para domingo, 24 de janeiro, foram canceladas devido a um surto de violência. Os protestos violentos eclodiram esta sexta-feira depois do candidato da oposição ter prometido boicotar a votação sobre alegada fraude, noticia a agência Reuters.

A nova data para a ida às urnas ainda não foi definida e Pierre Louis Opont, presidente do conselho eleitoral do país, disse em comunicado que as eleições agendadas para o próximo domingo foram desconvocadas por razões de segurança e estabilidade do país.

Jude Célestin, o candidato da oposição, prometeu boicotar o escrutínio, alegando que houve fraude eleitoral na primeira volta,que decorreu em outubro passado e favoreceu o candidato do partido no poder.

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Célestin ficou em segundo lugar entre 54 candidatos na eleição de outubro, quase oito pontos percentuais atrás do candidato do partido PHTK (Partido Haitiano Tèt Kale), Jovenel Moise.

As manifestações anti-governo que se realizaram na capital Port-au-Prince na sexta-feira, tornaram-se violentas e a polícia disparou contra um grupo de pessoas que pareciam estar a assaltar uma loja.

“A direção para onde (o presidente cessante Michel) Martelly levou para o país não é boa”, disse Rolando Joilcoeui, um trabalhador comunitário que estava entre os manifestantes à agência Reuters. “Nós dissemos ‘não’ a este regime. A eleição era uma fraude.”

Os recém-nomeados senadores haitianos votaram quase por unanimidade esta semana adiar a votação. E outras entidades da sociedade civil, como a Igreja Católica, grupos empresariais e observadores locais eleitorais alertaram para o fato de que a realização de uma eleição sob tais condições não iria conduzir a um resultado eleitoral credível.

Na sexta-feira, o candidato Jovenel Moise declarou à Reuters que esperava que a eleição se realizasse como previsto e como tal, prosseguia em “modo campanha”.

O Haiti prossegue com os esforços para construir uma democracia estável desde o derrube da ditadura da família Duvalier que governou o país entre 1957 e 1986, dos consequente golpes militares e fraude eleitoral. A tentativa de eleger um novo líder acontece seis anos depois de o país ter sofrido um terremoto devastador, em 2010.