A Grécia deve sair temporariamente do Espaço Schengen se não melhorar o controlo das fronteiras externas da Europa, defendeu este sábado a ministra do Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner em entrevista ao jornal alemão Die Welt. A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, também concorda que a crise dos migrantes na Europa põe em risco a sobrevivência do Espaço Schengen.

“Se o Governo de Atenas não fizer mais, finalmente, para assegurar as fronteiras externas [da União Europeia], então tem que se discutir abertamente a exclusão temporária da Grécia do Espaço Schengen”, disse a ministra.

As declarações de Johanna Mikl-Leitner surgem no final de uma semana marcada pela reação à divulgação de um relatório que sugeria que esta medida poderia incentivar as autoridades gregas a proteger mais eficazmente as suas fronteiras.

Nas páginas do Financial Times, o responsável governamental grego pelo tema da imigração, Yiannis Mouzalas, disse que o relatório tinha “falsidades e distorções”, mas a política austríaca insiste que é tempo de passar das palavras aos atos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É um mito dizer que a fronteira turco-grega não pode ser controlada”, disse, argumentando que “quando um membro de Schengen não cumpre consistentemente as suas obrigações e só aceita de forma hesitante a ajuda oferecida, então não podemos excluir essa possibilidade”.

Para Mikl-Leitner, “a paciência de muitos europeus chegou ao limite… Já falámos muito, agora é tempo de agir. Isto é sobre proteger a estabilidade, a ordem e a segurança na Europa”, enfatizou.

A Grécia tem estado sob críticas de outros países europeus há vários meses pela maneira como controla a entrada na sua fronteira com a Turquia, uma crítica que se tornou mais visível com a entrada de centenas de milhares de refugiados na Europa, procurando fugir à guerra e encontrar melhores condições de vida.

O Espaço Schengen é uma zona geográfica composta por 30 países, dentro dos quais a circulação de pessoas é livre e não precisa de passaporte.

A crise dos refugiados na Europa põe em risco a sobrevivência do Espaço Schengen

Quando questionada durante um debate do Fórum Económico Mundial, a decorrer em Davos, sobre se a crise da migração na Europa pode comprometer a sobrevivência do espaço Schengen, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse: “Sim, penso que sim”. Mas sublinhou que este é o seu ponto de vista pessoal.

A voz de Lagarde vem desta forma juntar-se à de vários líderes europeus que consideraram esta semana em Davos que o afluxo em massa de imigrantes à Europa compromete a sobrevivência das instituições europeias, que lutam para encontrar uma solução, incitando os países membros a agir individualmente.

Os primeiros-ministros franceses e holandeses, Manuel Valls e Mark Rutte, invocaram nomeadamente um possível deslocamento europeu devido à crise da migração.

Lagarde precisou que o FMI, como instituição, considera no entanto que se esta crise for bem gerida poderá vir a beneficiar economicamente alguns países, concedendo-lhes um crescimento adicional.

De um ponto de vista económico, “a Europa está definitivamente em melhor forma do que no ano passado, mas temos duas preocupações importantes” para o continente, disse Lagarde.

Um deles é a crise dos refugiados e o outro é o risco de ‘Brexit’, a eventual saída do Reino Unido da União Europeia.