A história vinda de Espanha tem muitas semelhanças à que conhecemos, por cá, no ano passado: três freiras e um padre da Fraternidade Missionária Cristo Jovem, convento situado em Requião, Famalicão, foram constituídos arguidos por suspeitas de cárcere, escravidão e maus-tratos a jovens que habitavam na instituição.

Agora, foram descobertas três mulheres originárias da Índia a viver no convento das Madres Mercedárias de Santiago de Compostela a viver em condições semelhantes. Conta o Eldiario.es que as três freiras de clausura estavam retidas contra a sua vontade e quando manifestaram a vontade de abandonar o convento foram ameaçadas com a deportação e com a rejeição social. No fim de semana passado, a polícia espanhola conseguiu libertar as referidas freiras que já estão em Madrid.

Algumas fontes policiais especificaram que, no sábado, resgataram as três mulheres no âmbito de uma operação contra delitos como detenção ilegal, contra a integridade moral, ameaças e coações – mas sem avançar mais detalhes.

A investigação está a cargo da juíza de Santiago, Ana López-Suevos, que iniciou as diligências depois de ter sido feita uma denúncia relacionada com o convento em causa e de ter recebido informação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras espanhol. Perante isto a juíza autorizou o envio de um dispositivo para verificar se as freiras viviam na instituição contra a sua vontade. Mas, e apesar de as suspeitas terem sido confirmadas, não foram ainda realizadas quaisquer detenções nem ninguém foi chamado a prestar declarações.

Apesar de tudo, sabe-se agora que já em dezembro as autoridades tinham recebido uma denúncia que dava conta da presença de cinco freiras, e não três, contra a sua vontade na instituição há cerca de 20 anos. Ou seja, das cinco sobraram três pois, segundo confirmou o Tribunal da Galiza, apenas essas manifestaram a vontade de abandonar o convento aquando da chegada da polícia, o que acabaram por fazer nesse mesmo dia.

O Eldiario.es publicou também excertos do auto da juíza Ana López-Suevos e onde se descrevem as condições em que as três mulheres viviam. Aí lê-se que estas viviam “em condições de quase escravatura” desde que chegaram ao convento, no início dos anos 90 quanto tinham idades entre os 16 e os 18 anos. Para além disso o mesmo documento revela que as freiras pediram, há alguns meses, para abandonar a instituição mas a madre superior respondeu que estas tinham a sua situação irregular em Espanha e que, por isso, quando colocassem um pé na rua seriam deportadas e depois rejeitadas pelas respetivas famílias na Índia.

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