A história de encantar começou numa tarde de 15 de janeiro, quando o agente White foi chamado para colocar um ponto final na barulheira que uns miúdos faziam enquanto jogavam basquetebol, num bairro da Florida. O agente White do Departamento de Polícia de Gainesville chegou e a desconfiança cresceu. Essa maldita desconfiança é o resultado das inúmeras notícias e vídeos sobre intervenções policiais mais violentas, especialmente no que toca a afro-americanos.

O agente White abordou os garotos, pegou na bola e desatou a jogar com eles, quem sabe inspirado em Larry Bird ou Michael Jordan. “Obviamente que não tenho nenhum problema com vocês estarem a jogar basquetebol. Mas peço-vos, se conseguirem, para fazerem menos barulho, entendem?…”, foi assim que Bobby White interveio, deixando ainda o aviso de que traria reforços para terminar o jogo.

O reforço chegaria, mas até para ele seria surpresa. Os colegas de White juntaram-se para combinar uma partida de basquetebol, pois o polícia transformou-se numa espécie de celebridade após aquela intevenção. Mas quem entrou naquela sala, para surpresa de White, foi Shaquille O’Neil, a antiga estrela da NBA. “Devem estar a brincar comigo…”, disse White para a colega do lado. Afinal, falamos só de um homem com 2.16m que jogou na mais espetacular liga de basquetebol entre 1992 e 2011. Ganhou quatro anéis e fez 28,596 pontos em 1,207 jogos, segundo estas estatísticas. Um verdadeiro monstro, portanto.

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O agente White, agora com alguns colegas, voltou a deslocar-se àquela rua da Florida. “Eu disse-vos que voltava com reforços, certo? Estão prontos? Aguentam aqueles grandalhões ali?”, perguntou White aos jovens. Até que, depois de algum desdém da garotada, saiu de um jeep preto, daqueles à americana, Shaquille O’Neal. A agitação e alguns berros fizeram-se sentir. O gigante tirou a camisola e encaminhou-se para eles: “What’s up, baby?”

O’Neal jogou com os polícias contra os miúdos durante alguns minutos. A seguir meteu-os a fazer lances livres, que valeriam 100 dólares. No final, teria de desembolsar quase 1000 dólares, mas deixou um aviso: “Não aceitem dinheiro de outro estranho, entendem? Sou um homem de palavra, mas não aceitem dinheiro de pessoas.”

De seguida juntou-os no seu “escritório”, que é como quem diz num espaço à parte. Ao estilo Al Pacino em “Any Given Sunday”, chutou alguns conselhos de vida para os rapazes, que ouviam, bem comportados e atentos, como se de uma qualquer aparição divina se tratasse.

“Não se metam em problemas. Oiçam os vossos pais, respeitem os mais velhos. Sejam quem querem ser. Eu também vim de um bairro assim, eu cresci exatamente assim, só vocês podem mudar isto. Mostrem respeito entre vocês”, começou por dizer.

E continuou: “Sabem quanto dinheiro fiz? Setecentos milhões. Sabem como fiz esse dinheiro? Respeitando os meus pares, ouvindo o meu pai e mãe e focando na escola. É só isso que têm de fazer. Bom trabalho hoje, estou orgulho de vocês. Não se metam em problemas. Agora repitam comigo: Eu vou tornar-me no que eu quiser… Eu vou ser um líder e não um seguidor… Eu vou respeitar os meus pares, os mais velhos e especialmente os meus pais… Okay, adoro-vos, rapazes…”