A Polícia de Segurança Pública confirmou a nomeação do intendente José Figueira para uma missão internacional das Nações Unidas, após um pedido de disponibilização do agente feito pelo organismo, revelou à Lusa o porta-voz da PSP.

“A PSP confirma a nomeação do intendente José Figueira para uma missão internacional da ONU, após a receção de um pedido de disponibilização para o oficial em questão a integrar. Considerando que o oficial em causa reunia o perfil adequado para incorporar a missão daquele organismo internacional, a PSP emitiu parecer favorável”, avançou Paulo Ornelas Flor à agência Lusa.

A edição de hoje do jornal i revela que o intendente José Figueira — que foi responsável pela segurança de Cavaco Silva – foi escolhido para uma missão na República Centro-Africana, tendo o seu nome sido aceite pela Direção Nacional da PSP, mesmo depois de posições internas e da tutela que terão apontado irregularidades no processo.

De acordo com o jornal, a requisição do intendente, que aconteceu um mês antes das eleições presidenciais, foi feita por um oficial da PSP destacado nessa missão e preparada de forma a não poder ser designado outro elemento da PSP para aquele lugar.

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Ainda segundo a noticia do i, ao contrário do que acontece nos restantes processos — em que os candidatos são submetidos a provas de várias matérias — o nome de José Figueira foi sugerido pelo superintendente da PSP Luis Carrilho, atualmente Police Commissioner daquela missão internacional.

Fonte oficial do Ministério da Administração Interna avançou à Lusa que quarta-feira foi pedido com caráter de urgência àsecretaria-geral mais explicações sobre o assunto em questão, escusando-se a mais comentários sobre a situação.

Contatado pela Lusa, o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), Mário Andrade, disse não detetar “qualquer imposição ou entrave” na designação pela Direção Nacional da PSP daquele oficial, reconhecendo, no entanto, que talvez devesse ter havido um concurso interno e não um método aleatório da Direção Nacional.

“Não vejo qualquer imposição ou qualquer entrave a ser este ou outro [oficial]. Alguém o indicou, ele não foi por iniciativa própria. Se indicou, foi porque acharia que tinha as qualidades necessárias para aquela missão”, explicou Mário Andrade, acrescentando que “é sempre um reconhecimento alguém da PSP ter sido nomeado”.

Já Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), considerou à Lusa que, a ter existido “alegadamente algo que não foi completamente legal”, a situação tem de ser corrigida.

“Para qualquer concurso ou designação para determinado lugar, normalmente é definido um conjunto de critérios e a pessoa tem de se sujeitar não só à classificação do resultado desses critérios para ser nomeada para determinado lugar ou cargo. Se algo correu mal, o processo deverá ser iniciado o mais breve possível”, frisou Paulo Rodrigues.

No entanto, o sindicalista avançou não estranhar a situação, alertando para “injustiças internas na PSP”, com “imparcialidades na escolha de pessoas, na definição de cargos” que têm vindo a ocorrer desde há vários anos.

Por outro lado, Paulo Rodrigues manifestou a sua satisfação por a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, querer rever o processo em questão, lembrando, porém, que a mesma responsável terá de ver outros processos mais antigos, justificando que na PSP “têm sido praticadas internamente muitas injustiças, que têm de terminar”.

“Este é mais um processo que indica que as coisas não estão a correr bem e é importante que todos os processos devem ser legais, justos e completamente imparciais”, sublinhou.