Deveria ser a reunião decisiva entre a Frente Comum e o Governo para se chegar a bom porto em relação à paralisação marcada esta sexta-feira da Federação Nacional dos Sindicatos em Funções Públicas. No entanto, à saída do encontro, a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, diz que ficou tudo na mesma.

Aos jornalistas, Avoila explicou que “que o que está a ser discutido é a regulamentação”, mas “o grupo parlamentar do PS diz uma coisa e o Governo, que é sustentado pelo Partido Socialista, tem outra leitura”. Por isso, a líder da Frente Comum diz que “não há nada de novo” e que “está tudo na mesma enquanto esta situação não for clarificada”.

Já em relação à realização da greve marcada, Ana Avoila, esclarece que a “greve é da Federação da Função Pública, não é da Frente Comum”, assegurando, no entanto, que “se vai manter a greve dos trabalhadores”.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública manifestou ainda o seu descontentamento face à decisão do Governo de manter congelados os salários dos trabalhadores da função pública, dando continuidade a uma medida em vigor desde 2009.

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“Vínhamos com a expetativa de, face às dificuldades dos últimos quatro anos, que o Governo fizesse um esforço para dar um sinal que havia qualquer coisa para dar aos trabalhadores […] mas relativamente aos aumentos de salários, não vai haver aumentos”, disse Ana Avoila.

A Frente Comum, que esta manhã esteve reunida mais de duas horas com a secretária de Estado da tutela, Carolina Ferra, no Ministério das Finanças, saiu insatisfeita deste encontro, pois embora Portugal esteja perante um quadro político diferente, o próximo Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) vai manter as restrições impostas pelo anterior governo, segundo a sindicalista.

“O que temos pela frente é um OE2016 que não vai ter dinheiro para aumentos salariais quando estamos desde 2009 sem aumentos de salários, e desde 2005 sem aumento do subsídio de refeição”, que também não vai ter qualquer aumento, assinalou Ana Avoila.

A Frente Comum pretendia um aumento salarial de 4%, ou seja, de 50 euros por cada trabalhador.

Em cima da mesa deste encontro estiveram ainda a requalificação, tendo o Governo dado nesta matéria “uma resposta positiva”, uma vez que há trabalhadores em requalificação que poderão vir a perder rendimentos e até o vínculo à função pública caso não sejam reintegrados.

A estrutura sindical propôs ainda à tutela a reversão do aumento de 2% da ADSE, aplicada pelo anterior executivo, tendo a tutela ficado de dar uma resposta a este propósito.

As estruturas sindicais da administração pública reúnem-se hoje pela segunda vez com a tutela, na véspera de uma greve nacional da administração central convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, filiada na CGTP, caso o Governo não recue na data de entrada em vigor das 35 horas na administração pública.

A 11 de janeiro, a Federação Nacional anunciou uma greve da administração central para 29 de janeiro, para pressionar o Governo a repor o horário de trabalho semanal de 35 horas na administração pública o mais depressa possível e não no segundo semestre do ano.

No mesmo dia, a Federação dos Sindicatos da Administração Pública decidiu juntar-se à Federação da CGTP na greve de dia 29, mas entretanto, na terça-feira, a Fesap suspendeu a greve que tinha marcada para sexta-feira, por considerar que o Governo e o grupo parlamentar do PS têm dado sinais de que pretendem repor o horário de 35 horas na função pública o mais breve possível.

Governo e sindicatos voltam a reunir-se a 11 de fevereiro para discutir as carreiras na função pública.