Vários milhares de pessoas manifestaram-se hoje em Paris e em outras cidades francesas para contestar o estado de emergência em França e uma nova lei que permite retirar a cidadania francesa a culpados de terrorismo.

Os manifestantes, que responderam ao apelo de um coletivo de organizações não-governamentais, incluindo a Liga dos Direitos Humanos e vários sindicatos, exigiram o levantamento imediato do estado de emergência, decretado após os atentados terroristas de 13 de novembro que fizeram 130 mortos em Paris, e o abandono de um projeto-lei que prevê a retirada da cidadania francesa a pessoas condenadas por atividades terroristas.

As medidas “colidem e prejudicam as nossas liberdades em nome de uma hipotética segurança”, referiu o coletivo de organizações, num comunicado.

A manifestação na capital francesa reuniu 5.000 pessoas, segundo a polícia, enquanto o número dos organizadores é mais elevado: 20.000 pessoas.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, assegurou na quarta-feira que o estado de emergência, que o executivo de Paris deseja prolongar até finais de maio, irá ser “necessariamente limitado no tempo”.

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Em declarações à estação pública britânica BBC, Valls disse que, através dos termos do estado de emergência, a França “poderá utilizar todos os meios” contra o terrorismo e até à derrota final do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Para algumas vozes da sociedade francesa, estas declarações de Valls revelam uma eventual intenção de prolongar o estado de emergência por anos.

A intenção do Governo francês em avançar com medidas para retirar a cidadania a condenados por terrorismo motivou a demissão na quarta-feira da ministra da Justiça, Christiane Taubira, que alegou um “grande desacordo político” com o Presidente francês, François Hollande, e com o primeiro-ministro, Manuel Valls.

Esta regra, que só poderá ser aplicada aos cidadãos com dupla nacionalidade, está prevista num projeto de revisão constitucional, que também prevê incluir na Constituição francesa a figura de estado de emergência.

De acordo com o executivo francês, a ideia é proteger e enquadrar legalmente os termos do estado de emergência. Estas medidas devem ser debatidas dentro de poucos dias no parlamento.

Quatro em cada cinco franceses são a favor de um prolongamento do estado de emergência, segundo uma recente sondagem.