A nova diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Aida Rechena, vai aplicar o conceito da museologia social como modelo de trabalho naquela instituição de Lisboa, que, no ano passado, recebeu cerca de 51.000 visitantes.

Na primeira entrevista desde a entrada em funções no Museu do Chiado, há menos de um mês, Aida Rechena sublinhou o “aumento significativo” do número de visitantes no ano passado – mais de 10 mil do que em 2014 -, relacionando-o com a abertura do novo espaço, com entrada pela rua Capelo, onde outrora funcionou o Governo Civil de Lisboa.

Diretora do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, desde 2005, função que acumulou com a direção do Museu da Guarda, entre 2012 e setembro passado, Aida Rechena foi distinguida em 2012 pela Associação Portuguesa de Museologia, pela tese de doutoramento “Sociomuseologia e Género. Imagens da Mulher em exposições de Museus Portugueses”.

Uma das propostas do projeto da nova diretora está ligado à área da museologia social, um modelo que já aplicou nos outros museus onde trabalhou, e que “tiveram alguns resultados interessantes”.

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“Acredito que a forma como são usados os recursos dos museus pode ter um impacto na sociedade”, sublinhou, em declarações à agência Lusa.

Esse impacto – defende – acontece sempre que uma exposição “potencia a reflexão, a problematização e a inquietação no público”.

“Em vez de os museus estarem só a transmitir mensagens fixas e a ensinar conhecimentos, queremos que seja promovido o debate, o questionamento e a participação dos visitantes”, advogou.

Aida Rechena admite, no entanto, que “usar socialmente o património não é fácil”: “Não são projetos fáceis. Consegui a participação de algumas franjas da população e a sua aproximação aos museus onde estive, e consegui ver alguns resultados” – o que também espera obter no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC-MC).

A dificuldade está na participação do público nos projetos, e muitas pessoas retraem-se: “Quem arrisca menos participar nos desafios destes projetos são as faixas das idades intermédias. Com os mais novos e os mais idosos é o contrário”.

Para já, a diretora está a fazer um levantamento de todas as entidades que envolvem o quarteirão do museu, desde lojas, cafés, entidades culturais, para estabelecer uma relação mais próxima com a comunidade que cerca o MNAC-MC.

“Acredito muito no trabalho em rede e na realização de parcerias com várias entidades, as culturais e não só”, indicou.

Situado no centro histórico de Lisboa, o Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, num percurso cronológico desde 1850 até à atualidade, incluindo pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo.

Desde o ano passado, o Museu do Chiado está a ser alvo de uma ampliação faseada, com a inauguração de um novo espaço expositivo, depois da saída do Governo Civil de Lisboa e do Comando Metropolitano da PSP do Convento de São Francisco, no centro histórico da capital portuguesa.