O Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Cabo Verde manifestou-se nesta segunda-feira preocupado com a segurança das ilhas do Sal e da Boavista, devido as alertas sobre possíveis ataques nos vizinhos Senegal e Costa do Marfim. O major-general Alberto Barbosa Fernandes expressou esta preocupação ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo das Forças Armadas.

“Os acontecimentos dos últimos dias e as ameaças a vidas nos países vizinhos Senegal e Costa do Marfim também nos preocupam. Tendo em conta que somos um país de desenvolvimento turístico e os bombistas colocam as suas bombas nos hotéis, daí a nossa preocupação”, disse Alberto Barbosa Fernandes à agência Lusa, à margem da cerimónia.

O Chefe de Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA) de Cabo Verde adiantou que esteve num das unidades hoteleiras da ilha do Sal e que ficou “com a sensação de que os hotéis estão pouco protegidos”. “Chamei à atenção para que o Presidente pudesse fazer algo nesse sentido. É uma questão de todos e uma preocupação de todos nós”, referiu Alberto Barbosa Fernandes, assinalando que Cabo Verde tem “fronteiras permissivas”.

“Temos uma vasta zona económica exclusiva e não temos militares em todas as ilhas. Temos militares na ilha do Sal e em São Vicente, ou seja, temos baias e muitas ilhas onde se podem fazer desembarques à vontade”, alertou. Neste contexto, considerou Alberto Barbosa Fernandes, a cooperação tem um papel fundamental.

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“Temos contado com países amigos: Portugal, Espanha, França, Brasil e Estados Unidos e penso que cada cidadão cabo-verdiano tem que estar muito atento”, sublinhou. Por seu lado, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, destacou a “importância sem precedentes” das Forças Armadas “nos tempos atuais”.

“Num tempo em que as ameaças ao Estado de direito democrático podem advir de fenómenos, como os diferentes tráficos e o terrorismo que operam à escala mundial e com incidência importante na nossa sub-região, impõe-se um redobrado esforço de análise, estudo e preparação, bem como o enraizamento e a prática dos valores democráticos e republicanos no seio das Forças de Defesa e Segurança, nomeadamente nas Forças Armadas”, declarou.

Durante a apresentação de cumprimentos, o CEMFA passou ainda em revista a atividade das Forças Armadas durante o ano de 2015, com especial destaque para as intervenções nas operações de busca e salvamento no naufrágio do navio ‘Vicente’ e para o apoio às populações deslocadas pela erupção do vulcão do Fogo e às afetadas pelo furacão ‘Fred’.

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, agradeceu a colaboração prestada pelas Forças Armadas nestes acontecimentos e apelou para que os militares não deixem de exercer o seu direito de voto nas eleições legislativas, autárquicas e presidenciais deste ano.