Os negociadores do FBI consideram que a qualidade fundamental para obter informações e poder negociar é a de saber ouvir. Segundo os especialistas, tornar-se melhor ouvinte é o segredo para conseguir estabelecer relações mais profundas com os outros. E quanto mais próximas as pessoas se sentem de quem as escuta, mais informações revelam.

Diz o ditado que “temos dois ouvidos e só uma boca, para ouvirmos o dobro daquilo que falamos”, mas nem sempre o conseguimos fazer.  Para desenvolver a capacidade de escutar e se tornar melhor ouvinte, existem três competências que pode desenvolver, refere a revista Time.

Evite cair na tentação de se transformar no centro da conversa

A maior parte dos “narcisistas da conversação” nem sequer se dá conta que o é. Mas este tipo de pessoas é relativamente fácil de identificar: são aquelas que no decorrer de uma conversa, seja ela sobre o que for, arranjam sempre forma de acabar a falar sobre si próprias. Todos os temas e assuntos são bons para dizer qualquer coisa como: “no outro dia também vi/fiz/li algo parecido”. Normalmente, os narcisistas da conversação não tendem a iniciar a conversa que chame a atenção para si mesmos de forma óbvia. Mas como gostam mais de se ouvir falar do que escutar os outros, no decorrer das conversas acabam por arranjar um “gancho” que desloque a conversa para si mesmos e coloque os outros no papel de ouvintes. Ninguém gosta deste tipo de atitude, mas muitos nós já adotamos este papel numa ou noutra conversa. O importante é reconhecer o comportamento e tentar evitá-lo.

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Ouça para compreender e não para julgar ou atacar

Outro dos segredos do sucesso da comunicação é saber ouvir o que o outro tem para dizer sem manifestar desagrado, interromper ou julgar. Um bom ouvinte é aquele que escuta não só o que o outro tem para dizer, mas também a forma como o diz. É importante tentar perceber se o assunto é melindroso, e se for, quem ouve ser ainda mais cuidadoso. Um bom ouvinte tenta acima de tudo compreender o que está a ouvir. Mas não julgar ou analisar o que se está a ouvir pode ser complicado. Para resistir à tentação de emitir a sua opinião concentre-se em ficar calado. No entanto, manter o silêncio não basta para que os outros o considerem bom ouvinte.

Aprenda a escutar ativamente

Para ser um bom ouvinte tem que mostrar a quem fala que está a ouvir atentamente. Ficar silencioso, desviar o olhar ou mostrar enfado passam a ideia de que não está realmente à escuta. Para que quem está a falar se sinta verdadeiramente ouvido, deve desenvolver uma escuta ativa. Para isso pode recorrer a três técnicas:

  1. Repita o que o outro disse de outra forma. Ao longo da conversa, repita uma ou outra frase ditas pelo seu interlocutor sobre algo não tenha ficado claro e peça-lhe para explicar melhor.
  2. Faça perguntas. Para obter mais informação sobre o que está a ser dito, coloque questões, mas aprenda a fazê-lo de uma forma subliminar. Evite perguntas diretas e tente sempre perceber o ponto de vista de quem fala. Em vez de perguntar “porquê”, diga “qual foi a  motivação para”.
  3. Manifeste concordância.  Durante o processo de escuta é importante dar sinais a quem fala de que está a ouvir. Uma das formas de o fazer é ir verbalizando interjeições de concordância: “sim”, “humm humm”, acenar com a cabeça e sorrir.

Estas técnicas vão ajudar quem fala a sentir-se ouvido e, sobretudo, compreendido. Segundo a Time, a escuta ativa é uma das formas mais eficazes de prevenir que um desentendimento verbal se transforme numa discussão e em casos limite, como em situações de tomada de reféns, pode mesmo salvar vidas. Para além disso, a maior parte das pessoas considera que as suas melhores interações com os outros foram aquelas em puderam falar sem constrangimentos e se sentiram compreendidas.