Não é obrigatório que seja uma mulher muito menos de leste. Tem de ter experiência política é uma visão sobre o mundo compatível com a ONU. “A carta da ONU elenca vários critérios e o engenheiro Guterres preenche-os a todos”, defendeu esta tarde o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Na audição na Comissão dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva respondeu ainda às dúvidas sobre o facto haver vantagem para uma mulher de leste: “Não está escrito em lado nenhum que a regra é que tem de ser uma mulher da Europa de Leste”, defendeu.

“Os tempos exigentíssimos que vivemos, a questão humanitária, da paz, e da cooperação para o desenvolvimento interpelam os alicerces das Nações Unidas e exigem uma pessoa à altura. E do nosso ponto de vista é António Guterres”.

É o Governo que responde à ONU com uma proposta de candidatura. Explicou Santos Silva que são descritos vários critérios desde a experiência política do candidato ou até a “diversidade regional”. E perante esses critérios, “António Guterres preenche-os todos”, disse.

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Na comissão dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva falou ainda do Orçamento do Estado dizendo que estes cumprirão as regras europeias e que esse é um dos objetivos do Executivo: “Quando o Orçamento entrar na Assembleia da República, será uma proposta que cumpre escrupulosamente os critérios aplicáveis do Pacto de Estabilidade e Crescimento, na conjunção com o Tratado Orçamental e da comunicação da CE que é a leitura do Tratado Orçamental”.

Um outro ponto importante da audição do ministro foi quando Santos Silva falou sobre a proposta que o Conselho Europeu, pelo presidente Donald Tusk fez ao Reino Unido sobre os benefícios fiscais a imigrantes naquele país. Questionado pelo deputado Sérgio Azevedo, do PSD, que levantou a questão por ser importante tendo em conta “a quantidade de portugueses que ali vivem”, Santos Silva defendeu que a proposta não pode pôr em causa a “liberdade de circulação de trabalhadores” e a não discriminação, não referindo em concreto o que vai o Governo fazer para que o Reino Unido não corte nos benefícios fiscais a imigrantes.

“Qualquer solução [para que o Reino Unido permaneça na UE] não pode significar valores que são fundamentais e constitutivos: o princípio da liberdade de circulação, em particular a livre circulação de trabalhadores, e a não discriminação”, defendeu.