Sete municípios da região do Médio Tejo estiveram esta terça-feira na Assembleia da República para alertarem os deputados para os problemas de poluição do rio Tejo e pedirem uma intervenção rápida da tutela.

Os presidentes das câmaras de Castelo Branco, Abrantes, Mação, Nisa, Gavião, Vila Velha de Ródão e Constança falavam numa audição no parlamento da comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação sobre os problemas de poluição do Rio Tejo.

A descarga de afluentes de empresas da região e os transvases feitos por entidades espanholas foram alguns dos problemas apontados pelos sete autarcas, que temem os efeitos económicos e ambientais na região.

Nesse sentido, o presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela (PSD), referiu que os problemas se têm agravado nos últimos meses e que a poluição do rio Tejo tem originado a morte dos peixes e a impossibilidade de pesca.

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“Existem investimentos que foram feitos nas margens ribeirinhas que ficam prejudicados. Vamos ter brevemente o festival da Lampreia e tememos a má imagem que este evento possa ter”, apontou o autarca.

No mesmo sentido, o presidente da Câmara Municipal de Gavião, José Pio (PS), apontou para os problemas que a comunidade piscatória enfrenta com a qualidade do peixe e apelou à responsabilização das empresas que não tratam dos seus afluentes.

“O peixe não existe e quando existe está mais morto do que vivo. Relativamente às fábricas, elas são importantes, mas achamos que só devem depositar no rio os seus afluentes após estes serem tratados”, defendeu.

A propósito da laboração das fábricas da região, a presidente da Câmara Municipal de Nisa, Maria Idalina Trindade (PS), ressalvou que os autarcas do Médio Tejo não pretendem fazer uma “caça às bruxas” mas sim “prevenir os crimes ambientais”.

“Não temos nada contras as empresas que operam na região. Respeitamos os postos de trabalho que essas unidades fabris criam, mas o crime não pode compensar”, sublinhou.

Já as presidentes da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS) e de Constância, Júlia Amorim (CDU), apontaram responsabilidades para os transvases de Espanha, o que, segundo as autarcas, origina um caudal “bastante diminuto”.

“Os nossos amigos espanhóis não se estão a portar bem connosco e nós temos de ser firmes com eles”, defendeu Júlia Amorim.

Por seu turno, todos os deputados reconheceram a necessidade de existir uma intervenção urgente das entidades na preservação do rio Tejo, nomeadamente através do reforço da fiscalização.

“A fiscalização deve ser mais agressiva. O Tejo não nasce poluído nem é poluído pelas barragens ou pelos cidadãos individualmente. O certo é que o Tejo está mais poluído do que no passado”, apontou o deputado social-democrata Duarte Marques.

No mesmo sentido, a deputada do Partido Comunista Ana Mesquita defendeu a necessidade de se reforçarem os meios de fiscalização para se poder “castigar os infratores”.

“Não pode valer tudo em nome do desenvolvimento industrial. Tem de existir um equilíbrio entre as atividades humanas e o ambiente”, argumentou.

No final da audição, o presidente da comissão, Pedro Soares (BE), concluiu que a defesa do rio Tejo é uma prioridade nacional e que o parlamento irá “encetar todos os esforços” para combater a poluição.

A propósito dos problemas de poluição no rio Tejo esta comissão já ouviu anteriormente representantes da associação Pró Tejo e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).