Os juros da dívida de Portugal estão nesta quarta-feira a aliviar nos mercados. As notícias de que pode estar próximo o “ok” final da Comissão Europeia ao Orçamento estão a anular o pessimismo que foi provocado na terça-feira pela “preocupação” de Jean-Claude Juncker e os “progressos insuficientes” relatados por Bruxelas na negociação do esboço orçamental.

As taxas a 10 anos estão a cair tanto quanto na terça-feira tinham subido – seis pontos-base, para 2,93% – num dia em que nos outros países do Sul da Europa as taxas seguem praticamente inalteradas, segundo a Bloomberg. A redução dos juros perante as indicações, ainda não confirmadas oficialmente, de que o plano terá sido aprovado pelas equipas técnicas, ilustra a forma como o fator mais crucial no curto prazo é uma sintonia entre o governo português e Bruxelas.

Esse foi, aliás, o principal risco identificado pela agência de rating DBRS, a agência cuja notação de risco positiva para Portugal é a chave para o financiamento dos bancos portugueses e para a compra das obrigações do Tesouro por parte do Banco Central Europeu (BCE). “Estamos a monitorizar os desenvolvimentos e iremos avaliar a resposta do governo aos pedidos adicionais da Comissão Europeia e a quaisquer pressões orçamentais que possam surgir”, disse a DBRS na sexta-feira.

Com a descida da taxa de juro, o spread face à dívida alemã está a contrair-se muito ligeiramente, para 264 pontos-base, num dia em que também os juros da Alemanha estão a baixar graças às expectativas de mais estímulos monetários por parte do BCE. Este indicador de risco continua, contudo, muito próximo dos níveis mais elevados desde o verão de 2014, imediatamente após o final do programa da troika.

Mesmo que se confirme o acordo em torno do esboço orçamental, que é o maior fator de pressão no imediato, a prazo o enfoque dos mercados e das agências de rating deverá virar-se para a execução do Orçamento do Estado e para as reformas estruturais que o governo vier a fazer. A DBRS indicou na sexta-feira ter “receios acerca da durabilidade do ajustamento orçamental, tornando a consolidação das contas mais vulnerável a um crescimento abaixo do esperado”. A agência canadiana pediu medidas orçamentais de caráter “mais estrutural” do que as que estavam em cima da mesa na primeira versão do esboço entregue a Bruxelas.

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