O chefe da Casa Civil de Marcelo Rebelo de Sousa na presidência da República será Fernando Frutuoso de Melo, avança o Diário de Notícias. O Expresso acrescenta que o diplomata, que atualmente exerce o cargo de diretor da política de cooperação e da ajuda externa da Comissão Europeia (CE), deverá comunicar que aceita o convite ainda esta sexta-feira.

Num comunicado enviado à agência Lusa, o futuro Presidente adianta que Fernando Frutuoso de Melo tem um “longo curriculum ao serviço de Portugal e das instituições europeias”.

Uma longa experiência em Bruxelas

Fernando Frutuoso de Melo, de 55 anos, é licenciado em Direito e, nos últimos anos, tem trabalhado sobretudo na CE. As suas primeiras experiências políticas foram em Portugal, nos anos 80, durante os governos liderados por Pinto Balsemão. Integrou os gabinetes de Bayão Horta, Margarida Borges de Carvalho, Fernando Amaral, do vice-primeiro-ministro Mota Pinto, e foi chefe de gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa. “Assisti de muito perto à queda da AD e à criação do bloco central…“, lembrou numa entrevista dada ao Observador em 2014

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À CE, chegou já no final da década de 80 (em 1987), na primeira leva de funcionários portugueses que passaram no concurso geral. Começou como chefe de unidade na mesma direção-geral que agora lidera, em 1993. Desde então, ocupou cargos nos serviços de recursos humanos, das pescas e integrou, em 2004, o gabinete privado do comissário europeu para o alargamento, Olli Rehn.

Dois anos depois, em 2006, foi nomeado diretor do Secretariado Geral da Comissão Europeia, onde trabalhou de perto com o Parlamento Europeu, o Comité Económico e Social da Comissão, o Comité das Regiões, os parlamentos nacionais dos Estados-membros e com o Provedor de Justiça da CE. Em 2009, Durão Barroso foi buscá-lo para a sua equipa, onde trabalhou como chefe adjunto do gabinete privado do ex-presidente. O cargo deu-lhe “uma visão estratégica e horizontal da casa”, garantiu numa entrevista dada ao Observador um ano depois de se ter tornado diretor-geral para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento, cargo que ocupa ainda hoje.

Fernando Frutuoso de Melo admitiu sentir-se uma pessoa realizada pela função que tem exercido desde 2013, mas também devido ao facto de já ter passado por todos os escalões no seio da CE e de ser, atualmente, um dos dois portugueses a ocupar o cargo de diretor-geral, o topo da hierarquia comunitária. Sob a sua alçada tem cerca de quatro mil pessoas, das quais 1.500 estão em Bruxelas e as restantes espalhadas pelo mundo em delegações da União Europeia (UE). Com um orçamento anual de dez mil milhões de euros, Frutoso de Melo tem como função implementar a assistência da UE e a ajuda comunitária ao desenvolvimento em 140 países maioritariamente pobres e em guerra.

“Aqui sabemos que, quando aprovamos um programa que permite fazer escolas e colocar crianças numa escola, daqui a uns meses vamos ver crianças nessa escola. Quando financiamos um programa de saúde, daqui a uns meses vamos ver mulheres grávidas terem apoio médico no seu parto, e crianças com assistência médica”, disse em 2014 ao Observador, realçando os dados que apontam para uma redução “espetacular” da mortalidade infantil e da mortalidade pré e pós-parto nos países ajudados pela UE.

NA CE, o seu dia-a-dia é sempre atarefado. “Chego a receber centenas de mails por dia”, garantiu com tranquilidade. Às mensagens constantes, juntam-se as inúmeras reuniões que, todos os dias, tem com a sua equipa e com vários responsáveis dos Estados-membros, embaixadores ou ministros dos países beneficiários.

Na Direção-geral para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento há sempre alguma coisa para fazer e, por isso, o trabalho continua muitas vezes fora de horas e a partir de casa. A dimensão geográfica e as diferenças horárias da rede de países ajudados pelo gabinete a isso o obrigam. “O sol aqui nunca se põe”, costuma dizer Frutoso de Melo, como que desculpando o facto de receber emails 24 horas por dia. “O que nós fazemos tem um impacto direto na vida das pessoas. Isto é o que faz este lugar diferente de muitos outros.”