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Cinco anos. Em cinco anos, de Guerra Civil, de ataques militares aéreos, terrestres, Homs (referimo-nos a Homs, mas poder-nos-íamos referir a Damasco, Kobani e tantas cidades mais), outrora a terceira maior cidade da Síria, com mais de 650 mil habitantes, escolas, hospitais, comércio, vida, hoje não é mais que escombros, sobretudo escombros, e poucos sírios que não conseguiram (ainda; não é por tuta e meia que se atravessa o Mediterrâneo) fugir para longe da devastação e do abandono.

Desde que o conflito entre Bashar al Assad, apoiado financeira e militarmente pela Rússia, o autoproclamado Estado Islâmico (que pretende erigir um califado no Iraque e na Síria) e a oposição a Assad começou, 11 milhões de sírios (mais de metade da população do país) fugiu. Como pôde. Às vezes sem mais nada para além da roupa que vestem. Nem todos chegaram à Europa prometida. Mas chegaram alguns.

O problema é que a Europa não se entende (apesar dos esforços de Jean-Claude Junker e da Comissão Europeia) quanto a quem acolhe quem – e como e quando acolhe. Foi por isso que Alexander Pushin, repórter de imagem da Russia Works, resolveu, por drone, filmar a destruição em Homs e fazer ver à Europa desunida o porquê dos migrantes o serem – haverá quem veja no vídeo propaganda russa, a propaganda com que Putin lava as mãos da sua intervenção militar na Síria, mas a verdade é que, sendo também a Rússia co-responsável pela destruição, as imagens são úteis e falam por si.

A Dinamarca aprovou recentemente uma legislação que permite a apreensão de objetos de valor dos refugiados, o que foi imediatamente comparado com o tratamento dos judeus pela Alemanha nazi. A Suécia, por sua vez, rejeitou 80 mil pedidos de asilo no país desde o começo da Guerra Civil, enquanto a Finlândia pretende expulsar 20 dos 32 mil pedidos por si aceites. Mas isso é na Escandinávia – falar dos países de leste europeu com líderes de extrema-direita no poder, é chover no molhado.

No centro do poder na Europa, Angela Merkel já fez saber que, terminado o conflito na Síria, os refugiados deveriam retornar imediatamente ao Médio Oriente. Já David Cameron descreveu a crise humanitária de Calais como sendo somente a bunch of migrants – a tradução é desnecessária aqui. Enquanto isso, na Síria, e como as imagens deixam perceber, não há nada. Nada. Nem gente, nem uma razão para gente haver.

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