O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, ameaçou demitir-se, juntamente com o seu executivo, no mais recente episódio da crise política que abala a Ucrânia.

“Entrámos todos como uma equipa e continuaremos a trabalhar no futuro como uma equipa”, afirmou o chefe do Governo ucraniano, com 41 anos, numa sessão no parlamento transmitida pela televisão.

Iatseniuk acrescentou: “E, se for decidido que esta equipa deve ser mudada, então saímos todos”.

A situação política na Ucrânia tem estado conturbada desde a inesperada demissão do ministro da Economia, Aivaras Abromavicius, na passada quarta-feira.

O responsável pela pasta da Economia, nascido na Lituânia, acusou um dirigente do partido do Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de tentar colocar pessoas próximas nos cargos de topo do ministério e de bloquear os seus esforços para inverter o estrangulamento das empresas estatais.

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A resignação de Abromavicius lançou preocupação sobre os aliados da Ucrânia no Ocidente e levou o Presidente ucraniano a convocar um encontro com os embaixadores dos países do G7 para tentar acalmar as suas inquietações.

O ministro da Economia era elogiado, fora da Ucrânia, por tentar tornar mais transparentes as práticas de negócio, dominadas pela corrupção, e por procurar acelerar processos de privatização que poderiam ajudar a encher os esvaziados cofres do país.

No final da reunião com os diplomatas, esta quinta-feira, o Presidente ucraniano deixou uma mensagem dúbia.

“O Presidente sublinhou a sua determinação em prosseguir com as reformas que a sociedade ucraniana espera das autoridades. Para que isto aconteça, é essencial repor o Governo”, lia-se na página oficial de Poroshenko na internet.

A imprensa ucraniana tem antecipado perspetivas de uma remodelação governamental em meados de fevereiro.

Mas, as declarações de Iatseniuk pareceram dirigir-se hoje diretamente ao Presidente.

Os dois líderes trabalharam lado a lado após a revolução pró-Ocidente na Ucrânia, em 2014, e durante a subsequente revolta pró-russa no leste do país.

No entanto, vieram à tona desentendimentos entre os dois e o primeiro-ministro parece querer impedir o Presidente e o seu partido parlamentar de terem mais influência sobre o governo de coligação.

Alguns dos aliados de Poroshenko acusaram Iatseniuk de encobrir duvidosos interesses comerciais que têm tido uma forte influência na política do país desde há décadas. O primeiro-ministro rejeita estas alegações, mas tem sido acusado de ser demasiado lento na implementação de reformas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como parte do resgate financeiro, na ordem dos 15,6 mil milhões de euros.