A ex-ministra da Agricultura Assunção Cristas defendeu neste sábado que o CDS só deve voltar ao Governo numa maioria parlamentar e disse que o partido pode crescer até porque presidenciais desmentiram existência de maioria sociológica de esquerda.

A candidata à liderança do CDS deixou essas indicações do que pensa sobre a estratégia a seguir pelo partido ao falar em Aveiro, no âmbito da volta aos distritos e regiões autónomas que está a fazer, para recolher contributos dos militantes para a moção que pretende levar ao congresso.

“Quem dizia que o país tinha virado sociologicamente à esquerda enganou-se redondamente e a prova dos nove foi a eleição presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, afastando os radicalismos de esquerda”, disse.

Para a candidata à liderança do CDS, a “verdadeira revolução na prática constitucional, em que pela primeira vez uma coligação que ganhou foi impedida de governar”, veio também abrir uma nova oportunidade ao CDS, porque retira o peso ao argumento do voto útil.

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“Neste momento abre-se um novo espaço para o CDS. Temos uma oportunidade porque hoje é claro que, mais importante do que saber quem fica em primeiro lugar, passou a ser quem consegue em conjunto ter um mínimo de 116 deputados, assegurando a maioria no parlamento”, comentou.

Garantindo que o CDS, sob a sua liderança, será “oposição firme e construtiva”, Assunção Cristas defendeu que o partido só deve voltar a integrar um Governo quando houver condições para assegurar uma maioria parlamentar. “Temos de crescer porque o país precisa de um CDS forte e com maior capacidade de ação”, disse, num recado para o partido estar preparado para eleições.

Assunção Cristas aproveitou a intervenção para criticar António Costa que “vem dizendo que, com ele, viria a estabilidade e acabava a austeridade”. “Quanto a estabilidade veremos, mas já no Orçamento Retificativo quem o apoiava desapareceu. Quanto à austeridade hoje, de facto, Costa virou a página da austeridade e no verso em branco, tratou de escrever um conjunto de medidas em que o que dá com uma mão retira depois com as duas, às famílias e às empresas”, acusou.

A ex-ministra citou as contas feitas pela Associação de Famílias Numerosas, que consideram mais gravosas as medidas anunciadas na proposta do Orçamento do Estado para 2016 e as alterações ao Imposto sobre o Valor Acrescentado

“Basta olhar para o que, supostamente, [António Costa] dá com o IVA e o que retira através da taxação dos combustíveis, que afeta diretamente as famílias, mas também as empresas portuguesas e lhes retira competitividade. São sinais preocupantes de que a atenção do Governo não está na criação de riqueza e sem ela nada pode ser distribuído”, concluiu.