A Igreja Católica alemã apelou a uma redução do número de refugiados na Alemanha por considerar que o país não pode “acolher todas as necessidades do mundo”, segundo uma entrevista divulgada este sábado. “Enquanto Igreja, também achamos que precisamos de uma redução do número de refugiados”, declarou o presidente da Conferência Episcopal alemã, o Cardeal Reinhard Marx, numa entrevista ao jornal regional Passauer Neue Presse.

A Alemanha não pode “acolher todas as necessidades do mundo”, afirmou o cardeal, defendendo que esta questão não deve ser tratada apenas à luz da “caridade, mas também à da razão”. No ano passado, o país acolheu 1,1 milhões de candidatos a asilo, um recorde absoluto. Até agora a Alemanha ainda não deu previsões oficiais do número de refugiados esperados este ano.

O Cardeal Marx também se mostrou preocupado com um aumento da xenofobia na Alemanha, numa altura em que o partido populista alemão Alternative für Deutschland (AfD) se aproveita da crise dos refugiados para adotar um discurso de direita radical.

A presidente do AfD, Frauke Petry, causou recentemente controvérsia ao defender que as forças de segurança deviam, “em última instância, poder recorrer às armas” para proteger as fronteiras nacionais contra o afluxo de migrantes. Estas declarações são “inaceitáveis e hostis ao humano”, defendeu o cardeal Marx.

“Infelizmente houve sempre na Alemanha um certo potencial de extremismo de direita e também de racismo. Esta ideologia manifestamente ainda se consolidou mais”, considerou Marx.

Uma manifestação do movimento islamofobo alemão Pegida deverá realizar-se este sábado no âmbito de uma jornada europeia anti-migrantes, cuja a palavra de ordem é “Fortaleza Europa”. Esta deverá ser acompanhada por manifestações de extrema-direita designadamente em várias cidades como Varsóvia e Praga.

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