O consumo de leite UHT gordo em Portugal caiu 20% em 2015, face ao ano anterior, de acordo com dados da Nielsen disponibilizados pelo Continente à Lusa, tendo passado de 9.438.136 de litros para 7.551.786 litros.

“O leite, sendo de origem animal, é uma fonte de gordura saturada, ou seja, um tipo de gordura que quando consumido em excesso faz aumentar o colesterol LDL sanguíneo (‘mau colesterol’). Por este motivo as recomendações são, tal como referido, para que se opte pelas versões magras ou meio-gordas”, disse, por escrito, fonte daquela marca, que sublinhou que os valores da redução “estão em linha com o que se verifica nas lojas Continente”.

Por seu lado e sem apresentar valores, fonte oficial do Pingo Doce referiu que se constata, naquelas lojas, “que o leite meio-gordo se destaca em termos de quota (em litros), seguindo-se o leite magro e [que] o leite gordo tem um peso bastante reduzido nesta categoria”. No entanto, o Pingo Doce, “no que diz respeito à evolução de vendas (em litros), de 2014 para 2015” registou “um ligeiro crescimento na categoria do leite”.

Para o diretor-geral da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios, Paulo Leite, “o problema não se trata do leite gordo, trata-se do leite em geral”, apontando para uma quebra de consumo na ordem dos 7%, a partir de dados de outubro.

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O mais recente boletim mensal de agricultura e pescas do Instituto Nacional de Estatística (INE), de janeiro, refere que, em novembro de 2015 (último mês para o qual há dados disponíveis), “o volume total de produtos lácteos diminuiu 6,1% (-12,7% em outubro), devido uma vez mais ao menor volume de leite para consumo (-11,2%)”.

Novamente segundo o INE, no geral do leite para consumo, entre janeiro e outubro de 2015 e o período homólogo de 2014 havia uma quebra de 11,5%, de 709.872 toneladas para 628.196.

Já segundo dados da Nielsen utilizados pelo Observatório do Mercado do Leite da Comissão Europeia, o volume de leite UHT em Portugal nos primeiros dez meses de 2015 havia caído 7,1% face ao homólogo de 2014, mas, a nível de valor, a quebra era de 14,7% para igual período.

“Temos atribuído [a quebra] um bocado à campanha anti-leite que se tem vindo a desenvolver à volta de certos padrões e estilos de vida e a algumas mensagens cientificamente mal sustentadas que têm vindo a denegrir o aspeto nutricional do leite”, disse Paulo Leite.