O avanço do vírus zika pode levar ao contágio de três ou quatro milhões de pessoas no continente americano e o aumento de casos de microcefalia em bebés constitui uma emergência de saúde pública internacional, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Podemos esperar entre três a quatro milhões de casos”, declarou o alto responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o continente americano, Marcos Espinal, após uma reunião em Genebra.

No continente americano há 26 países e territórios com milhares de casos atingidos pelo surto do vírus zika. Há casos isolados confirmados da doença em alguns países da Europa – todos importados – como na Dinamarca, Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Finlândia, Espanha e Portugal (seis casos), e ainda em países como Indonésia, Tailândia, Samoa, Fiji e Cabo Verde, entre outros.

Apesar do receio de contágios na Ásia, até ao momento é a América do Sul a região com mais casos do vírus: mais de 1,5 milhão no Brasil e mais de 20.000 na Colômbia.

A OMS considera que o recente aumento de casos de microcefalia e de desordens neurológicas na América Latina constitui uma emergência de saúde pública de alcance internacional, adiantando que existe uma forte suspeita de que o aumento daqueles casos seja causado pelo vírus zika.

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“Não pudemos estabelecer uma relação direta entre o vírus zika e os casos de microcefalia e desordens neurológicas. É isso que devemos investigar. Mas os casos de malformações são tão graves que decidimos declará-los uma emergência”, disse David Heymann, presidente do Comité de Emergências da OMS.

A microcefalia é um distúrbio de desenvolvimento fetal que resulta num perímetro do crânio infantil mais baixo do que o normal, com consequências no desenvolvimento do bebé.

O zika também é suspeito de causar síndrome neurológica de Guillain-Barré, que pode causar uma paralisia definitiva.

O Ministério da Saúde do Brasil divulgou que foram confirmados 404 casos de microcefalia entre outubro e janeiro no país e que 3.670 casos suspeitos estão ainda em análise. Como referência, em 2014 foram registados 147 casos.

Além disso, foram reportadas 76 mortes infantis, incluindo 15 de crianças que sofriam de microcefalia ou de uma outra alteração do sistema nervoso, sendo que o vírus zika foi identificado em cinco.

Na região espanhola da Catalunha, as autoridades confirmaram, na passada quinta-feira, que uma mulher grávida de 13 semanas, que recentemente esteve na Colômbia, foi diagnosticada com o vírus.

O Governo brasileiro recomendou às mulheres grávidas para que não viajem para o país durante os Jogos Olímpicos, a ser realizado em agosto, por causa dos alegados riscos para o feto associados ao vírus zika.

As autoridades de saúde do Texas, no sul dos Estados Unidos, notificaram um caso de transmissão por contacto sexual do vírus Zika, mas as autoridades de saúde nacionais e internacionais estão ainda a investigar esse caso.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera “adequado” restringir as doações de sangue de viajantes oriundos de países de risco, de modo a evitar uma eventual propagação do vírus zika.

Os sintomas e sinais clínicos da infeção pelo vírus, transmitida (de forma comprovada) aos seres humanos por picada de mosquitos infetados (na América Latina através do Aedes aegypti, também vetor de transmissão do vírus do Dengue, da Febre Chikungunya e da Febre Amarela), são muito parecidos com os da gripe, provocando febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares.

Geralmente, os sintomas começam a desaparecer quatro ou cinco dias depois. O período normal de incubação varia entre três a 12 dias.