A chanceler Angela Merkel desloca-se esta segunda-feira a Ancara para acelerar a aplicação do plano de ação UE-Turquia de resposta à crise dos refugiados, quando 45 mil sírios estão concentrados junto à fronteira turca.

Neste plano de ação, concluído no final do ano passado, a UE compromete-se a ajudar com três mil milhões de euros na assistência a 2,5 milhões de refugiados sírios atualmente em território turco, e a avaliar a eliminação dos vistos para os cidadãos turcos.

“Agora é preciso que o acordo UE-Turquia seja aplicado para ajudar a melhorar as condições de vidas dos refugiados na Turquia”, disse Merkel na sexta-feira.

Em contrapartida, Ancara vai aumentar o controlo da fronteira marítima com a Grécia, uma das principais rotas dos refugiados que pretendem chegar à Europa, facilitar a educação dos migrantes menores de idade e a inserção laboral dos adultos.

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O número de deslocados sírios junto à fronteira com a Turquia, que fugiram dos bombardeamentos em Aleppo, ascende já a 45 mil e está a aumentar, indicou a organização humanitária turco-muçulmana IHH. A zona da fronteira de Oncupinar, que liga a cidade turca de Kilis à estrada que leva à cidade síria de Aleppo, continua encerrada.

No sábado, a chanceler alemã voltou a sublinhar a importância de melhorar a proteção das fronteiras exteriores da zona de livre circulação de pessoas, bens e mercadorias europeia, ameaçada pelo êxodo dos refugiados. “Devemos proteger as nossas fronteiras exteriores porque queremos manter Schengen (…) um fundamento do nosso bem-estar” e que atualmente está “em perigo”, afirmou.

Vários países europeus, incluindo a Alemanha, restabeleceram controlos temporários nas fronteiras para registar ou travar a entrada de refugiados nos seus territórios. Se esta política continuar poderá significar o fim do espaço Schengen, o que representará um revés político e económico para a UE, de acordo com observadores.

O porta-voz do executivo alemão, Steffen Seibert, afirmou que Merkel e o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, vão debater as medidas necessárias para passar de uma imigração ilegal e legal. “É evidente que o tráfico de pessoas continua em frente às costas turcas. É evidente que há uma tarefa pendente”, sublinhou.

Para que a aplicação do Plano de Ação UE-Turquia se torne uma realidade, a chanceler precisa, além da Turquia, do apoio dos parceiros europeus e que todos os Estados-membros da UE concordem em aceitar “contingentes legais de refugiados”.

A proposta alemã continua a obter respostas negativas em algumas capitais da UE, especialmente entre os países de leste.

Merkel considera também essencial, para tentar resolver a crise dos refugiados, chegar a uma “solução política” para a Síria, palco de uma guerra civil há cinco anos, que já fez mais de 260 mil mortos, um dos temas que vai debater com Davutoglu.

Vizinha da Síria e inimiga do regime do presidente Bashar al-Assad e dos curdos, a Turquia é também um dos alvos do grupo extremista Estado Islâmico (EI).