A Federação Russa questionou na segunda-feira a imparcialidade do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por este a responsabilizar pela interrupção das discussões sobre a paz na Síria.

“Pensámos sempre que os comentários do dirigente máximo de uma organização mundial devem manter a imparcialidade e a objetividade. Neste caso, isso claramente não aconteceu”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, María Zajarova, em comunicado.

Ban Ki-moon “praticamente responsabilizou a Federação Russa da deriva das negociações sírias em Genebra e da degradação da situação humanitária no país”, acrescentou.

Em declarações ao diário Financial Times, o dirigente da ONU declarou que, “assim que a reunião [de Genebra] foi convocada, continuaram os bombardeamentos russos e começou a ofensiva terrestre em Alepo”.

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Desde que o mediador da ONU, Staffan de Mistura, anunciou na quinta-feira o adiamento das negociações de Genebra até ao próximo dia 25 que todos os olhares se dirigiram para a Federação Russa, o principal aliado do regime sírio do Presidente Bachar al-Assad.

Depois de semanas de uma aproximação gradual entre os EUA e a Federação Russa, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, acusou os russos de bombardearem de maneira indiscriminada as zonas controladas pelos opositores a Al-Assad e pediu ao Kremlin que declarasse um cessar-fogo imediato.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, foi mais longe e acusou os russos de, com os bombardeamentos aéreos, estarem a “minar os esforços para encontrar uma solução política para o conflito”.

Em reação, um porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashénkov, disse, no domingo, que estas considerações eram “uma tontice”, uma vez que, justificou, “graças às ações das forças aéreas russas, em poucos meses, os sírios acreditaram que, apesar de tudo, é possível combater e eliminar o terrorismo internacional no seu país”.