O líder parlamentar do PSD remeteu esta quarta-feira para a sociedade civil a realização de um “bom e amplo debate” acerca da eutanásia, que os sociais-democratas também farão internamente, considerando que, sendo um tema importante, não é prioritário.

“Nós no PSD não inscrevemos esse assunto no nosso programa eleitoral, não temos a discussão interna suficientemente avançada e aprofundada para podermos estar hoje a poder emitir uma opinião definitiva sobre o tema”, afirmou Luís Montenegro aos jornalistas no parlamento.

Montenegro disse que os deputados do PSD não negam a importância do tema e que “é importante que a comunidade científica, académica, a sociedade civil, que estuda e que aprofunda temas como este, se deva manifestar, e se deva promover um bom e amplo debate na sociedade portuguesa”.

“Com a mesma naturalidade com que assumo que o tema tem esta importância também quero dizer que não está na agenda prioritária do PSD. Neste momento estamos concentrados em oferecer aos portugueses uma solução de política que possa continuar a ter Portugal no caminho da recuperação económica, da recuperação do emprego e que possa significar não desbaratar o esforço que andámos a fazer nos últimos quatro anos”, sublinhou.

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Montenegro afirmou que os sociais-democratas não deixarão de participar no debate quando este entrar “verdadeiramente na agenda política e parlamentar” e reconheceu que no grupo parlamentar há diversas opiniões sobre a matéria e que internamente também promoverão a discussão.

“Creio que no país não há nenhuma pressa de colocar esse tema acima de outros, a não ser para desviar as atenções e creio que é visível um esforço de partidos que apoiam o Governo alguma necessidade de desviar as atenções, dado o facto de o processo orçamental ter sido desenvolvido com tanta trapalhada”, disse.

No sábado passado, Expresso e Público divulgaram na íntegra um manifesto do Movimento Cívico para a Despenalização da Morte Assistida, assinado por 112 personalidades, e que defende ser “urgente despenalizar e regulamentar a Morte Assistida”.

Entre os signatários contam-se políticos de vários quadrantes, como os socialistas Álvaro Beleza, Isabel Moreira, Elisa Ferreira e Helena Roseta, os antigos dirigentes do Bloco Ana Drago e Daniel Oliveira, os ex-coordenadores deste partido Francisco Louçã e João Semedo, os ex-candidatos presidenciais António Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias, a deputada do Partido Ecologista “Os Verdes” Heloísa Apolónia, os sociais-democratas Paula Teixeira da Cruz, Rui Rio e Pacheco Pereira, o fundador do Livre Rui Tavares e o antigo capitão de Abril Vasco Lourenço, entre outros.

Médicos, investigadores e personalidades ligadas à cultura completam a lista de signatários do manifesto que defende que, tal como o direito à vida está consagrado em lei, também “o direito a morrer em paz” o deve ser.

“É imperioso acabar com o sofrimento inútil e sem sentido, imposto em nome de convicções alheias. É urgente despenalizar e regulamentar a morte assistida”, defendem.