É o retrato de um país completamente destruído. De acordo com um estudo do Centro Sírio de Pesquisa Política (SCPR), o conflito no país já provocou 470 mil mortes. O número de feridos do conflito chega já aos 1,9 milhões. Somados, estes números equivalem a 11,5% da população.

Mas há mais: a rede de infraestruturas e de instituições foi praticamente “obliterada” pelo “impacto catastrófico” de quase cinco anos de conflito.

Os dados foram publicados pelo jornal britânico The Guardian. Segundo os números do SCPR, dessas 470 mil pessoas mortas, 400 mil resultaram diretamente de atos de violência. As restantes 70 mil são o efeito conjugado de um serviço de saúde e de uma rede de saneamento deficitários, de falta de alimentos, água potável e de habitação.

Números muitos superiores aos registados pelas Nações Unidas, que desistiram de contar as vítimas do conflito há 18 meses. Nessa altura, o número de mortes ascendia às 250 mil.

A esperança média de vida é agora de 55,4 anos quando, em 2010, estava nos 70 anos. Paralelamente, em cinco anos houve uma destruição de riqueza na ordem dos 255 mil milhões de dólares, qualquer coisa como 226 mil milhões de euros. Cerca de 13,8 milhões de sírios perderam sua forma de sustento.

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Mortos por falta de assistência

A população encolheu cerca de 21%, o que ajuda a explicar a onda de refugiados que todos os dias atravessa a Turquia e a Europa, analisa o mesmo estudo, citado pelo The Guardian. No total, 45% da população do país foi deslocada, 6,36 milhões dentro do território sírio e 4 milhões para lá das fronteiras do país. O nível de pobreza aumentou 85% apenas em 2015. Uma sequência de números que demonstra bem a catástrofe humanitária que assola o território sírio.

E a catástrofe tem tudo para ganhar contornos ainda mais dramáticos. Ao The Guardian, Rabie Nasser, autor do estudo, deixou um aviso e uma crítica implícita aos países desenvolvidos que continuam a falhar na assistência aos sírios.

“O número de mortes indirectas [ou seja, provocadas pela falta de assistência às vítimas] vai ser maior no futuro, apesar de as Organizações Não-Governamentais e de as Nações Unidas ignorarem [essa realidade]. Apesar de os sírios estarem a sofrer há cinco anos, a atenção global para a questão dos direitos humanos e da dignidade apenas se intensificou quando a crise teve um impacto directo nas sociedades dos países desenvolvidos“.