Rui Tavares, eurodeputado independente e fundador do partido LIVRE/Tempo de Avançar, foi um dos políticos que participou no lançamento do Movimento para a Democracia na Europa 2025 (DiEM 25), de Yanis Varoufakis, ex-ministro das finanças grego. “É preciso acabar com estes ciclos em que as escolhas nacionais são invalidadas na UE”, esclarece Tavares ao Observador, acrescentando que a União Europeia é, hoje, “um clube de democracias, em que o sócio mais poderoso manda mais”.

Num artigo de opinião para o Público, o eurodeputado argumenta que desistir do projeto europeu seria ceder à direita, criticando “aquela esquerda, numerosa em Portugal” que defende a desintegração europeia. Rui Tavares defende, assim, o DiEM 25, em que a ideia é a continuação da União Europeia, mas de forma mais democrática. Ao Observador, Tavares explica que o que é necessário é “um outro caminho para a esquerda” no que diz respeito ao projeto europeu, um caminho que reconhece ser “difícil” e que se baseia na “transformação do projeto europeu”.

Segundo Rui Tavares, o caminho da esquerda não pode ser a “falsa escolha” entre “os que querem obedecer à União Europeia e continuar” a política até agora seguida, e “os que, até compreensivelmente” defendem a saída. Na opinião do eurodeputado, a primeira opção “beneficia o centro-direita”, e a segunda “a extrema-direita”. Por outro lado, o eurodeputado argumenta que “a esquerda não pode ficar fora do jogo da transformação da União Europeia”.

No entanto, nem todas as considerações de Rui Tavares no artigo de opinião foram bem recebidas pela esquerda portuguesa. O fundador do LIVRE/Tempo de Avançar atira que “inteligente mesmo é aquela esquerda, numerosa em Portugal, que prefere a desintegração do euro (como Le Pen) e acha que não há lugar para a democracia fora do estado-nação (como Orbán)”. Daniel Oliveira, ex-bloquista e apoiante do LIVRE nas últimas eleições legislativas, reagiu na rede social Facebook e afirma: “O meu amigo Rui Tavares vai-me perdoar, mas o pior exercício argumentativo que se pode usar é colar posições que têm motivações e objetivos opostos para as tentar fazer parecer semelhantes”. Oliveira vai mais longe e acrescenta que “tentar passar a ideia de que o euroceticismo à esquerda é uma bizarria nacional é partir do princípio que o euroceticismo impede os outros de acompanharem o debate político no resto da Europa”.

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Já José Gusmão, assistente de Marisa Matias no Parlamento Europeu, faz as palavras de Daniel Oliveira suas, e destacou que “abrir este tipo de guerra dentro da esquerda no atual contexto é um belo contributo contra o esforço de convergência que a esquerda está a fazer. Não havia necessidade…”

O Movimento para a Democracia na União Europeia 2025 defende, argumenta Tavares no artigo de opinião, que a eleição para a Comissão Europeia seja feita por via parlamentar, o acesso dos cidadãos ao Tribunal de Justiça da UE e, por exemplo, que o Parlamento Europeu tenha a possibilidade de “iniciar legislação”. No encontro em Berlim, Varoufakis afirmou, citado pelo Público, que o objetivo do DiEM 25 é “acabar com o processo de decisão política opaco”.

*Editado por Rita Ferreira