“Deadpool”

Os filmes de super-heróis são hoje a base da sobrevivência económica de Hollywood, como enormes eucaliptos que secam praticamente tudo em redor e comprometem o aparecimento dos filmes de chamada “produção média”. A mais recente manifestação do género é este “Deadpool”, da inevitável Marvel, um “spin off” da série de filmes “X-Men”, que também terá um novo título este ano. Tim Miller estreia-se a realizar e Ryan Reynolds dá corpo ao desfigurado e sarcástico super-herói (e anti-herói), cuja identidade secreta é Wade Wilson e que foi criado no papel por Rob Liefeld (desenhador) e Fabian Nicieza (argumentista) em 1991. É a segunda vez que Reynolds interpreta esta personagem, tendo já aparecido a corporizá-lo em “X-Men Origens: Wolverine” (2009). O orçamento da fita — 50 milhões de dólares, cerca de 45 milhões de euros –, está bastante abaixo da média para estas produções.

“Lisbon Revisited”

Um filme português em 3D? Mas existem? Existem, sim senhor, e este é já o segundo. Ambos foram feitos pelo mesmo realizador, Edgar Pêra, que continua o seu percurso de cavaleiro solitário, singular e insistentemente experimentalista do cinema nacional. Depois de “Cinesapiens”, que foi uma encomenda de Guimarães Capital Europeia da Cultura e estava incluído no grupo 3X3D, de que faziam também parte Jean-Luc Godard e Peter Greenaway (as três fitas ainda não tiveram estreia comercial em Portugal), Pêra volta aqui a recorrer ao 3D, e à manipulação de imagens que o caracteriza, agora para transfigurar Lisboa e fazê-la parecer uma cidade saída de um sonho, de uma fantasmagoria ou de uma visão, acompanhada por poemas de Fernando Pessoa e alguns dos seus heterónimos, escritos em português, inglês e francês (uma das vozes é a do malogrado Nuno Melo) e por uma atmosfera sonora à medida da paisagem visual. “Lisbon Revisited” foi exibido no Festival de Locarno.

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“Quarto”

Uma rapariga de 24 anos e o seu filho de cinco metidos num quarto escuro e pobre. Não são pessoas desfavorecidas, são prisioneiros. De um homem que a raptou e aprisionou e violou. Ele é o pai do menino, que vive naquele quarto desde que nasceu e não tem noção do que é o mundo exterior, embora a mãe insista em explicar-lhe que ele existe para lá daquelas quatro asfixiantes paredes. Recorrendo à sua imaginação, o menino criou o seu próprio mundo dentro delas. A mãe quer fugir do quarto com ele. Mas se ela não for capaz, ao menos que a criança consiga. Realizado pelo irlandês Lenny Abrahamson (“Frank”), escrito por Emma Donoghue, com base no seu livro com o mesmo título, e interpretado por Brie Larson e Jacob Tremblay, “Quarto” já valeu à actriz o Globo de Ouro de Melhor Actriz Dramática, está nomeado para quatro Óscares (Melhor Filme, Realizador, Actriz e Argumento Adaptado), e foi escolhido pelo Observador como filme da semana, podendo ler a crítica aqui.