Esta história começou quando um míssil de treino norte-americano, que foi sido usado num exercício da NATO em Espanha, foi enviado num caixote para a Alemanha. O objeto de guerra — pesa cerca de 45 quilos e mede 1,50m — partiu do aeroporto de Madrid e aterrou em Frankfurt. A ideia inicial era o caixote ser transferido para um voo com direção à Florida. Mas o erro começou quando, segundo o Wall Street Journal, o míssil deu entrada um camião de transporte operado pela Air France em direção ao aeroporto de Charles de Gaulle, em Paris.

E foi da capital francesa que o míssil de fabrico norte-americano foi para a capital daquele que era à altura um dos maiores inimigos de Washington na esfera internacional: Havana, Cuba.

Tal desfecho foi “embaraçoso” para os EUA, como escreve o Wall Street Journal. Ao ter chegado a solo cubano, os norte-americanos corriam o risco que o míssil de treino fosse objeto de estudo em Cuba — e, consequentemente, dando lugar a um episódio de espionagem militar caricato –, numa altura em que os dois países ainda não tinham reaberto as relações diplomáticas, como aconteceu a 17 de dezembro de 2014. Os dois países estavam de costas voltadas desde 1961.

Por fim, quase dois anos depois, o Governo de Cuba aceitou devolver o míssil aos EUA, num processo cujos detalhes são ainda desconhecidos. “Podemos dizer sem especificar muito que o míssil de treino foi devolvido com a cooperação do Governo de Cuba”, escreveu um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano num comunicado. Para tal, o atual clima de relativa cooperação entre os dois países poderá ter sido fulcral, segundo o mesmo comunicado, onde se lê: “O reatar de relações diplomáticas e a reabertura da nossa embaixada em Havana tornam possível agir em conjunto com o Governo cubano em assuntos de interesse mútuo”.

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