A eventual entrada de acionistas chineses no capital da TAP caiu como uma bomba na oposição. Depois do PSD, é agora a vez de o CDS acusar o Governo socialista de ter “omitido absolutamente este facto” e de o ter “escondido infantilmente”. Os centristas vão mais longe e dizem que o Executivo liderado por António Costa “acha que pode enganar o Parlamento” com a “cobertura” dos “seus sócios – BE e PCP”.

Ao Observador, fonte da direção do CDS sublinha que não é o facto de “o possível investidor ser chinês” que “está em causa”. Nem tampouco a “companhia em questão”. O que está em causa, dizem os centristas, é facto de o Governo ter ido “duas vezes ao Parlamento” e ter feito “várias cerimónias” sem nunca ter feito referência a esta possibilidade.

“Em três meses o Governo não disse a verdade ao Parlamento nos exames do ensino básico e secundário; não disse a verdade ao Parlamento sobre impostos; e não disse a verdade ao Parlamento sobre as cláusulas escondidas do negócio da TAP. Para quem falava tanto em qualidade da democracia estamos conversados“, acusa a mesma fonte da direção centrista.

No sábado, o Expresso dava conta de que o Governo tinha dado autorização à Atlantic Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neelman, para negociarem com os chineses da Hainan Airlines (HNA) a entrada no capital da TAP.

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A autorização do Governo constava no memorando assinado na semana passada, mas na síntese que foi tornada pública esse acordo estava omisso. O mesmo jornal, no entanto, teve acesso ao documento na íntegra, onde constavam todos os detalhes:

O Estado português autoriza desde já a entrada no capital social da Atlantic Gateway pela HNA, em percentagem a acordar entre os acionistas da Atlantic Gateway e a HNA.” Com um financiamento previsto de €120 milhões à empresa, dos quais €30 milhões pelo Estado e €90 milhões pelo consórcio privado, “o Estado português autoriza igualmente que a HNA possa vir a subscrever diretamente parte das obrigações”, sendo que “os direitos que neste memorando de entendimento se referem à Azul se referirão à HNA”, podia ler-se no

Isto significa que, na prática, o novo dinheiro que vai ser emprestado à TAP pertence aos chineses da HNA. E como essas obrigações vão ser transformadas em ações, a HNA pode ficar indiretamente com 10% a 13% da TAP.

No sábado, Pedro Passos Coelho já se tinha pronunciado sobre o tema. O presidente do PSD disse ser “lamentável” que o Governo tenha omitido aos portugueses a eventual entrada de capital chinês na TAP e exigiu ao Executivo socialista rápidos esclarecimentos.