O governo cabo-verdiano apresentou hoje o país a investidores no Luxemburgo como um local ideal para os europeus gozarem as suas reformas. “Temos uma temperatura superior a vinte graus durante todo o ano e um turismo diversificado de sol e praia ou natureza para todas as idades, e já temos diferentes projetos que abarcam todas estas dimensões”, explicou à Lusa o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves.

O governante participou num fórum com empresários dos dois países para apresentar o fundo de investimento Afroverde 1, que visa atrair um investimento de cerca de 100 milhões de euros para seis projetos de turismo e do setor imobiliário em Cabo Verde, dois dos quais vocacionados para a terceira idade.

À Lusa, o primeiro-ministro de Cabo Verde disse que essa é uma das apostas do Governo para diversificar a oferta turística, tirando partido da segurança e do clima privilegiado do país.

“Nós já temos 600 mil turistas por ano, e a nossa ideia é diversificar a oferta para termos turistas em todos os domínios e idades, e podermos atingir em 2020 ou 2021 a nossa meta de 1,2 milhões de pessoas”, acrescentou.

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Para a ministra do Turismo e Investimentos de Cabo Verde, que viaja na comitiva que vai passar ainda por Paris e Lisboa, atrair os reformados europeus para o arquipélago “tem uma importância estratégica” para o desenvolvimento do país.

“Em África, o único país em que este tipo de turismo está a ser desenvolvido é na África do Sul, e nós acreditamos que Cabo Verde tem todo o potencial para se antecipar a outros países africanos”, afirmou Leonesa Fortes, destacando ainda o elevado número de reformados europeus.

A União Europeia tem cerca de 90 milhões de pessoas com mais de 65 anos de idade, que representam 18,5% da população, segundo o Eurostat, e muitos procuram países ao sol para passar a reforma, apontou a ministra.

Além de um “clima tropical durante todo o ano”, Cabo Verde tem também afinidades culturais com a Europa, incluindo “uma população maioritariamente católica”, como apontou durante o fórum com empresários do Luxemburgo um responsável da companhia aérea luxemburguesa Luxair, que já voa para o arquipélago desde 2010.

Uma caraterística que “é uma vantagem” em relação a destinos como o Egito ou a Tunísia, garante o presidente da Câmara de Comércio do Barlavento cabo-verdiano, Belarmino Lucas.

“É um ponto importante, porque [os turistas] não têm de se preocupar com o que têm de vestir, se podem beber bebidas alcoólicas ou comer carne de porco, porque não há nenhum choque cultural”, defendeu, em declarações à Lusa.

Os dois projetos de hotelaria vocacionados para o turismo da terceira idade, de curta e longa duração, ficam na Baía das Gatas, na ilha de São Vicente, e vão incluir a possibilidade de adquirir vivendas e casas geminadas, além de um campo de golfe projetado pelo ex-campeão mundial da modalidade Ernie Els, avançou o responsável da Câmara de Comércio.

Além destes, o fundo, que vai ser gerido pela empresa Afroverde Capital Partners, que conta com uma participação do Governo cabo-verdiano, quer angariar investimento para mais quatro projetos hoteleiros nas ilhas de Santo Antão e São Nicolau.

Para José Maria Neves, que termina em Março o último mandato à frente do Executivo de Cabo Verde, o lançamento deste fundo de investimento “representa uma mudança de paradigma” nas relações entre o arquipélago e o Luxemburgo, passando da cooperação “para uma economia baseada na produtividade e na competitividade”.

Recordando que “o Luxemburgo é o principal parceiro da cooperação com Cabo Verde”, beneficiando de um pacote de investimento de cerca de 60 milhões de euros em setores que vão das energias renováveis à educação, saúde, água e saneamento, o primeiro-ministro cabo-verdiano defendeu a aposta no investimento privado.

“Queremos que, de uma cooperação mais intergovernamental, possamos avançar para um novo patamar de cooperação, estimulando parcerias entre privados cabo-verdianos e luxemburgueses e o investimento direto de empresas luxemburguesas em Cabo Verde”, disse José Maria Neves, no final do encontro com empresários dos dois países.

A cachupa foi o prato forte do almoço oferecido pela Câmara do Comércio luxemburguesa, tendo o primeiro-ministro cabo-verdiano estado à tarde com o ministro da Cooperação do Luxemburgo, Romain Schneider.

José Maria Neves encontra-se amanhã ainda com o primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, que já visitou Cabo Verde, seguindo depois para Paris e Lisboa, onde estará entre 17 e 21 de fevereiro para encontros com a comunidade cabo-verdiana e contactos com as autoridades.