Impedidos de sair para a faina por causa do mau tempo, os pescadores do rio Minho esperam ver aumentar, em março, as capturas da lampreia, disse hoje à Lusa o presidente da associação de pescadores local.

“Começámos bem o mês de janeiro, mas, sobretudo nas últimas duas semanas, as capturas diminuíram drasticamente por causa do mau tempo. Tem sido impossível trabalhar por causa do caudal do rio Minho que está cheio do detritos e árvores”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Associação de Profissionais de Pesca do Rio e do Mar, Augusto Porto.

Segundo acrescentou, em janeiro “a lampreia estava a sair boa, o que deu indícios de que ia ser um ano bom, com um número de capturas acima da média em relação a anos anteriores”.

“O mês de março é sempre bom para a lampreia. Esperamos que assim seja. Acreditamos que se melhorar o tempo, as capturas vão melhorar substancialmente”, sustentou.

Augusto Porto queixou-se ainda dos preços praticados pelos intermediários que “estão a esmagar os pescadores”.

“Cerca de 90% das capturas são compradas por intermediários, que estão a praticar preços que esmagam os pescadores. A lampreia grande, com mais de 1.200 quilogramas, são compradas a dez euros e a pequena a cinco euros e nos restaurantes o preço da dose de lampreia mantém-se há vários anos. Esse é que é o grande problema dos pescadores”, lamentou.

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A lampreia pode medir mais de um metro e pesar cerca de dois quilogramas, sendo considerada uma verdadeira iguaria da região do Minho.

A faina decorre na altura em que a espécie volta a entrar nos rios, na direção da nascente, para cumprir a fase de reprodução.

Segundo números avançados à Lusa pelo capitão do Porto e comandante da Polícia Marítima (PM) de Caminha, Gonzalez dos Paços, responsável pela fiscalização da atividade ao longo do rio Minho, este ano estão matriculadas 167 pequenas embarcações para a safra da lampreia.

A pesca da lampreia no rio Minho, com embarcação, começou no passado dia 04 de janeiro e prolonga-se até 22 de abril. Já nas pesqueiras, a faina vai começa hoje e prolongar-se até 15 maio.

A atividade decorre em cerca de 35 quilómetros daquele rio, variando em função da arte utilizada, já que pode ser feita com “lampreeiras”, a bordo de embarcações artesanais, ou com pesqueiras armadas arte denominada botirão e cabaceira (estruturas antigas, em pedra, existentes no rio).

Por se tratar de um rio internacional, a estes números somam-se 118 embarcações espanholas licenciadas para a mesma pesca.

Também no rio Lima, em Viana do Castelo, os pescadores dizem que a safra da lampreia começou “boa” em janeiro e “caiu muito este mês por causa do mau tempo”.

“A época começou bem, mas as condições climatéricas das últimas semanas prejudicaram muito a safra. Esperamos que março seja melhor”, afirmou o presidente da Associação de Pescadores do Rio Lima, Fernando Ferreira.

O responsável queixou-se, tal como os colegas do rio Minho, que este ano os preços praticados são muito baixos”

“Estamos a vender a grande a 20 euros e a pequena a 15 euros. É [um preço] muito baixo para a quantidade de capturas”, explicou.

Segundo dados do capitão do porto de Viana do Castelo, Raúl Risso, estão devidamente licenciadas para aquela pesca 66 embarcações locais, envolvendo uma tripulação que pode variar entre os dois a três pescadores por barco.

A faina faz-se apenas numa extensão total de 10 quilómetros, entre a cidade de Viana do Castelo e a freguesia de Lanheses, no mesmo concelho.