“Seria no mínimo estranho que o governo liderado pelo PSD fosse derrubado pelo governo do PS e que nós agora tivéssemos que servir de muleta à governação do Partido Socialista“. Foi desta forma que José Matos Correia, vice-presidente do PSD, descartou qualquer possibilidade de entendimento com o PS na discussão do Orçamento do Estado para 2016.

Em entrevista à Rádio Renascença o social-democrata foi claro: “Se um orçamento não for aprovado em Portugal, é porque o PS não fez as opções que devia. Há um entendimento à esquerda que lhe garante a aprovação do Orçamento. Nesse quadro o PS disse que tinha acordo para quatro anos, confirmado pelos seus colegas de coligação. Vai ter que encontrar esse entendimento“, atirou Matos Correia.

No sábado, em entrevista ao Expresso, António Costa estendeu a mão aos sociais-democratas e desafiou o PSD a deixar o “casulo” em que se tinha enclausurado. Ora, a esse convite para o entendimento, Matos Correia responde com um não, muito obrigado.

Estou a fechar a porta. O Partido Socialista fez a sua opção e viverá com ela. Sempre e quando formos chamados a pronunciar-nos sobre algum assunto, votaremos – como sempre votámos – de acordo com a interpretação que fazemos do interesse nacional. Agora António Costa que não espere da parte do Partido Social Democrata abertura para fazer os entendimentos que ele recusou“, reiterou o vice-presidente do PSD.

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Matos Correia não poupou, de resto, críticas às palavras do primeiro-ministro. “Não sei se hei-de rir. Das duas uma: ou o primeiro-ministro teve um momento de humor que lhe saiu errado. Ou então não percebe nada disto”, insistiu o social-democrata.

Quando Costa parece apostado numa “solução governativa oposta aos consensos”, que “revoga, reforma e revê tudo o que foi feito” e que “não busca consenso em lado nenhum”, não pode pedir à bancada social-democrata o que quer que seja, repetiu o dirigente do PSD.

Além disso, em matéria de “casulos”, continuou Matos Correia, o PS é uma autoridade. “Seguramente que o Partido Socialista nos podia dar lições em matéria de casulos pelo comportamento que teve durante quatro anos e meio e a recusa de fazer consensos, só com o medo de que fosse visto como estando encostado ao Governo e com medo da penalização eleitoral”.

Agora, e aparentemente falhada a hipótese de qualquer tipo de entendimento, o PS terá de viver com os parceiros que escolheu para governar. Pelo menos, é isso que vão dizendo vários dirigentes e deputados sociais-democratas. Desta vez, foi Matos Correia a repeti-lo de forma bem clara. “Se quisesse fazer entendimentos que tivessem a ver com o interesse nacional, António Costa não tinha feito um acordo com o PCP e com o Bloco de Esquerda e com o PEV. Fez essa opção e viverá com ela“, insistiu o dirigente social-democrata.