No mesmo dia em que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, se desdobra em contactos com responsáveis europeus de preparação para a cimeira que vai debater as condições do Reino Unido para ficar na União Europeia, o príncipe William surge em público com um discurso de cautela a fazer lembrar as palavras da rainha aquando do referendo escocês pela independência. “A Grã Bretanha tem sido uma nação virada para o exterior” e com uma “longa e orgulhosa tradição de procurar aliados”, disse, numa declaração que está a ser vista como um claro sinal de que o duque de Cambridge apoia a permanência do país na União.

Num discurso esta terça-feira perante uma audiência de diplomatas, o duque de Cambridge deixou no ar o seu apoio à campanha do stay (ficar na UE), lembrando a longa tradição do Reino Unido de trabalhar em cooperação com os seus parceiros e aliados. Segundo sublinha o The Telegraph, o seu discurso não passou indiferente a ninguém e deixou evidentes as comparações com o último discurso da rainha Isabel II a propósito da campanha pelo “não” no referendo da Escócia.

Na altura, a rainha pediu aos escoceses que “pensassem calmamente sobre o futuro”, instando-os a escolher permanecer no Reino Unido. Esta terça-feira, falando para uma plateia de diplomatas, o príncipe William enalteceu a história de cooperação de Inglaterra e a sua habilidade para “unir com outras nações em torno de uma ação comum”. Numa altura em que o “mundo está em crescente turbulência”, tal união é “essencial”, disse.

“Durante séculos a Grã Bretanha tem sido uma nação voltada para o exterior. Cercados pelo mar, procuramos sempre explorar o que está para lá do horizonte. Esse sentido de missão e de curiosidade é algo que eu sei que continua a impulsionar a nossa economia, as nossas exportações culturais e educacionais e as nossas Forças Armadas e Serviço Diplomático. E onde quer que vamos, temos uma longa e orgulhosa tradição de procurar parceiros e aliados”, disse.

E acrescentou, dirigindo-se diretamente aos diplomatas, que, numa altura em que o mundo está “em crescente turbulência”, é “essencial” lembrar a habilidade do Reino Unido de “unir as nações em torno de uma ação comum”. “É o alicerce da nossa segurança e prosperidade e é fundamental para o vosso trabalho. Neste momento, as grandes questões com as quais lutamos – na ONU, na NATO, no Médio Oriente e noutros lugares – são baseadas no compromisso de trabalharem em parceria com os outros”, afirmou dirigindo-se à plateia de diplomatas.

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Já antes, no ano passado, numa visita à Alemanha, a rainha tinha sido bastante explícita sobre a vontade de manter o Reino Unido na União. “As divisões na Europa são perigosas”, disse na altura, sublinhando ainda que a longa amizade do Reino Unido com a Alemanha era “irreversível”.

O discurso do duque de Cambridge surge no mesmo dia em que David Cameron esteve em Bruxelas em contactos com as autoridades europeias para preparar a cimeira de chefes de Estado que vai avaliar o reforço das decisões tomadas em Londres, de forma a evitar uma saída da União Europeia.

O encontro realiza-se quinta e sexta-feira e os resultados estão a ser vistos como decisivos para o sentido de voto no referendo que vai decidir se o Reino Unido fica na UE. Referendo que deverá acontecer em junho e cujos resultados são incertos. Certo é que o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, já deixou a garantia de que não há um plano B para evitar o chamado Brexit (a saída do Reino Unido da UE).