A agência de notação financeira Moody’s reviu esta quinta-feira em baixa a previsão de crescimento económico no Brasil, antecipando uma recessão de 3% este ano, num relatório que nota mais riscos para a economia global.

“Revimos ainda mais a previsão sobre as economias do Brasil, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul”, lê-se na análise sobre as Perspetivas Macroeconómicas Globais, que refere que “uma queda adicional nos preços do petróleo, as preocupações sobre o abrandamento da China e a potencial fraqueza adicional na moeda acompanharam um aumento na aversão ao risco e o aperto no ambiente dos mercados financeiros”.

Sobre o Brasil, a Moody’s diz que “os ganhos de competitividade nos preços e a consequente robustez das exportações não vão influenciar a economia nacional enquanto a confiança dos empresários permanecer em níveis historicamente baixos”.

O Brasil, a braços com uma recessão iniciada no ano passado e que poderá prolongar-se para lá de 2016, enfrenta uma deterioração das condições económicas, com aumento da inflação e do desemprego e com quebra da generalidade dos indicadores económicos, a que se junta uma incerteza política que tem adiado as reformas estruturais que os analistas consideram ser essenciais para reanimar a economia.

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A desvalorização do real na ordem dos 26% no ano passado “não é suficiente para garantir o interesse dos investidores”, considera a Moody’s, lembrando a descida do investimento e do emprego, e salientando ainda que “a confiança dos investidores caiu para níveis históricos e o apetite dos investidores está em baixo, como fica comprovado pela descida dos indicadores da bolsa”.

Para recuperar o interesse dos investidores, a Moody’s espera que as investigações à Petrobras, em conjunto com uma moeda competitiva e uma descida do preço dos ativos, “atraiam novamente o investimento e permitam à economia recomeçar lentamente a crescer”, mas ainda assim “em valores abaixo de 2% ano nos próximos cinco anos”.

A nível mundial, a Moody’s antevê que o crescimento médio das vinte economias mais industrializadas (G20) fique nos 2,6% este ano, à semelhança do que aconteceu no ano passado, e que suba apenas para 2,9% em 2017, mantendo assim as previsões do último relatório.