Luaty Beirão e os restantes ativistas acusados de estar a preparar um golpe de Estado em Angola vão continuar em prisão preventiva, soube-se esta sexta-feira. O prazo para a Justiça angolana tomar uma decisão sobre o assunto terminava na quinta-feira, mas foi ultrapassado. Nada que surpreenda o rapper de ascendência portuguesa, que falou pela primeira vez em muitos meses, numa entrevista à TSF. “Já sabia que iam deixar passar o prazo. As leis aqui são só para inglês ver”, comenta.

Depois da greve de fome de 36 dias, no ano passado, que o deixou numa delicada situação de saúde, Luaty Beirão mantém as críticas ferozes ao regime de José Eduardo dos Santos, apontando-lhe o dedo por continuar preso. “No estado autoritário, autocrático em que vivemos, em que a missão é punir e mandar lições a quem quer que levante a voz e ponha em questão o status quo, é de acordo com a vontade não do tribunal, não do juiz, mas sim de quem manda no país.”

E o ânimo para continuar a luta está na mesma, se calhar maior, disse à TSF. “Não vamos ficar simplesmente a sorrir enquanto as coisas acontecem”, afirmou, convicto de que a atenção mediática que recebeu foi positiva para a causa que defende. “Eu sei que não fiz nada. Tenho a consciência tranquila. Sei que estou a ser perseguido por querer um país mais justo, sinto-me fortalecido nesse sentido, porque estão-me a dar mais importância do que deviam dar.” Questionado sobre se voltaria a fazer tudo como anteriormente, o ativista não hesita em dizer que sim. “Li um livro, por amor de Deus, li um livro”, comenta, assegurando: “Passaria exatamente pelo mesmo suplício.”

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