Os estudantes universitários do Porto já não vão encerrar a semana de festas da Queima das Fitas com a tradicional garraiada na Praça de Touros da Póvoa de Varzim. “A fraca adesão dos estudantes nesta atividade nos últimos anos e a queda da tradição tauromáquica entre os jovens portugueses são alguns dos motivos que sustentam a decisão da Academia do Porto”, anunciou esta quarta-feira o Magnum Consillium Veteranorum, um dos parceiros da organização. A suspensão entra já em vigor este ano.
A medida esteve em votação na Federação Académica do Porto no ano passado e o resultado terminou 13 – 12 a favor da manutenção desta tradição, que se iniciou em 1948, na Praça de Touros de Guimarães, e que nos últimos 20 anos acontece na Póvoa de Varzim. Isso vai mudar. Apesar de a Assembleia Geral deste ano ainda não se ter realizado e de o fim não ter sido ainda votado, Tomé Duarte, representante do Magnum Consillium Veteranorum da Academia do Porto, diz ao Observador que o fim da garraiada tem o apoio da direção da Federação Académica do Porto e da maioria dos representantes votantes.
“Na moção de 2015 disse-se que a garraiada não é representativa dos estudantes. Neste último ano avaliámos se era ou não representativo e realmente concluímos que, nos últimos anos, a adesão tem sido cada vez menor. Já não lhes diz muito”, explica o estudante da Faculdade de Engenharia.
A garraiada, que este ano se realizaria a 8 de maio, é feita habitualmente com um bezerro. Vários estudantes entram na Praça de Touros para desafiar o animal, mas sem recurso a bandarilhas como nas touradas. As petições pelo fim do evento sucedem-se. A mais recente surgiu a 11 de fevereiro e, passados 13 dias, reúne 5.558 assinaturas.
“É uma vergonha que se gaste anualmente mais de 4 mil euros a financiar um “evento” que nada tem a ver com a missão que guia as associações de estudantes. A garraiada não pode constar mais um ano no programa da Queima das Fitas do Porto, mantendo-se um embaraço para toda a Academia”, pode ler-se na petição, que considera a garraiada “um ato de tortura e exploração animal”.
Tomé Duarte recusa que a decisão tenha a ver com esta ou outras petições. “Eu só a li depois de a decisão já estar tomada. Mas o facto de haver protestos todos os anos em frente à Praça de Touros da Póvoa e de as pessoas protestarem significa que chegou o momento de olhar e avaliar”, conclui.