O projeto “10 mil vidas”, da Associação Nacional de Cuidado e Saúde (ANCS), pretende apoiar 10 mil idosos em Portugal, numa primeira fase, através de um novo modelo de teleassistência, anunciou esta quinta-feira a entidade.

Segundo José Serra, vice-presidente da ANCS, sediada na Lousã, distrito de Coimbra, “o projeto desenhado assenta numa mudança de paradigma, rompendo com soluções anteriores que são insuficientes, permitindo dar mais apoio aos idosos e agir preventivamente sobre eles”.

“Construir lares e lares não resolve o problema do apoio a idosos. Nós devemos, se possível, manter as pessoas em casa, dentro do meio que conhecem, com as suas coisas e os seus vizinhos, e retardar o mais possível a sua institucionalização”, defendeu o dirigente, na apresentação da iniciativa.

Salientando que o projeto permite “dar mais apoio e agir preventivamente”, José Serra explicou que o novo modelo de apoio aos idosos envolve a tecnologia mais avançada em teleassistência e telessaúde, num serviço de acompanhamento 24 horas e personalizado.

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O plano visa “ser a maior iniciativa de telessaúde a nível mundial, apesar de, atualmente, Portugal ser o país europeu mais atrasado nesta área”, referiu.

Através de equipamento tecnológico já existente ligado a uma plataforma informática, o projeto permite que os idosos abrangidos possam ter acesso a serviços de emergência, de localização, controlo de indicadores de saúde, lembretes e gestão de medicamentos, contribuindo para que possam “viver mais tempo, mais saudáveis e felizes”.

O serviço permite, por exemplo, para cada idoso, programar alarmes, controlar indicadores de saúde como a tensão arterial e a glicémia e agir em caso de anomalia, ou saber a sua exata localização.

A ANCS já assinou protocolos para o desenvolvimento de projetos-piloto nos municípios de Lousã e Fundão, que deverão ter início em março, abrangendo 50 idosos durante um ano.

“Esta é uma solução mais completa, nomeadamente na monitorização de parâmetros de saúde, que é uma inovação relativamente a soluções anteriores. O projeto é uma mais-valia considerável e complementa a atuação muito valiosa dos agentes sociais”, disse o presidente da autarquia da Lousã.

Para Luís Antunes, trata-se de uma ferramenta que “permite às pessoas permanecerem mais tempo na sua habitação e com mais acompanhamento”.

A intenção da ANCS é selecionar brevemente mais 20 municípios do país para outros tantos projetos-piloto para comprovar como funciona o serviço.

“Vamos conseguir atingir os 10 mil idosos e demonstrar ao Governo, com resultados e experiência, que há um modelo que funciona e que tem de ser aprovado e financiado”, sublinhou José Serra.

O projeto “10 mil vidas” é para ser gerido pelos municípios em cada concelho, através de um modelo partilhado que envolve também as instituições que já integram as redes sociais municipais.