Perspetivas económicas pouco animadoras em mercados emergentes relevantes para Portugal, como Brasil, China e Angola, podem causar uma queda das exportações portuguesas para esses países, segundo um relatório da Comissão Europeia relativo a Portugal.

O documento refere ainda que além da eventual baixa das exportações portuguesas para esses países, poderá existir também uma diminuição dos fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) desses países para Portugal.

Destaca ainda assim que as repercussões nas exportações portuguesas serão menores do que face a uma recessão nos principais parceiros comerciais de Portugal na União Europeia (UE), como a Espanha, a França, a Alemanha e o Reino Unido.

O relatório detalha inclusive que “as fracas perspetivas económicas” para os mercados emergentes “já surtiram efeitos negativos para Portugal”, patentes designadamente na queda das exportações para Angola, adiantando, contudo, que “o impacto traduzir-se-á essencialmente em efeitos indiretos”.

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“Angola continua a colocar em risco o desempenho das exportações portuguesas, com a baixa dos preços do petróleo a comprometer as perspetivas económicas do país”, lê-se no relatório.

Acresce ao facto que Portugal está muito dependente de afluxos de IDE da UE, refere o documento, detalhando que em 2013, as exportações para Espanha, França, Alemanha e Reino Unido representaram mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e cerca de 50% do total das exportações.

Em contrapartida, o comércio extra-UE representou apenas 30% do total das exportações e mais de 10% do PIB.

“Angola, o Brasil e a China constituem os mercados emergentes mais relevantes para Portugal em termos de comércio e de IDE. Assim, o fraco desempenho económico destes países pode ter repercussões no crescimento económico da Portugal”, reforça.

Por outro lado, o documento reconhece que as exportações contribuíram significativamente para o ajustamento externo e que os ganhos de competitividade resultantes de ajustamentos dos preços relativos e de melhorias da qualidade dos produtos “criaram condições para que as exportações contribuíssem mais para o equilíbrio das contas com o exterior, em especial entre 2010 e 2013”.

Mais recentemente, o excedente comercial estabilizou devido ao forte aumento das importações em resposta ao maior dinamismo da procura interna. Em consequência, o excedente da balança corrente deverá manter-se em cerca de 1% do PIB em 2016.

O documento destaca também que a atividade económica abrandou no final do ano passado e que os indicadores económicos de curto prazo apontam para uma certa moderação da atividade económica no final de 2015.

“Tanto as exportações como as importações cresceram a ritmos mais baixos do que no primeiro semestre de 2015, refletindo perspetivas menos animadoras para o comércio mundial. Não obstante, o dinamismo que marcou o primeiro semestre levou a uma subida do PIB real de 1,5% em 2015”, refere.

A parte das exportações no PIB “permanece relativamente baixa”, diz o documento, frisando que embora haja a registar melhorias nos últimos anos, as exportações representavam ainda apenas 40% do PIB em 2015, “o que é baixo em comparação com outras economias pequenas e abertas da área do euro”.

O relatório salienta ainda que a perda do dinamismo na melhoria atual da balança corrente “põe em perigo o processo de ajustamento externo”, mas adianta que esta situação “poderia ser corrigida com a afetação de recursos adicionais para os setores transacionáveis com maior produtividade”.

Os investimentos no reforço das capacidades de exportação, acrescenta, com utilização de mais bens produzidos internamente, “contribuiria para acelerar o processo de reequilíbrio externo e abriria perspetivas de crescimento mais sustentável a médio prazo”.

O presente relatório “é um documento de trabalho dos serviços da Comissão Europeia” e “não constitui uma posição oficial da Comissão nem condiciona qualquer posição dessa natureza”, lê-se ainda.