Já não é preciso sair de casa para fazer compras no Centro Histórico de Braga. Dezoito lojas da Cidade dos Arcebispos juntaram-se na plataforma online I Shop Braga e desde o dia 15 de fevereiro que gente de todo o mundo pode receber em casa roupa, calçado, acessórios, artigos de decoração, livros e produtos gourmet como se estivesse na capital do Minho. A Farfetch, empresa portuguesa online de moda de luxo eleita a 23.ª mais inovadora do mundo, “mostrou que era possível”, explica Rui Marques, diretor-geral da Associação Comercial de Braga (ACB).

Braga Point, Caxuxa, Delight Store, Livraria 100ª Página. Se não é de Braga, é provável que nunca tenha ouvido falar nestas lojas. Nem terá tido alguma vez acesso aos produtos que lá se vendem. “São todas de empresários da cidade”, diz Rui Marques. O site I Shop Braga nasce de uma parceria entre a ACB e várias empresas de comércio a retalho. O objetivo é reunir 50 lojas até 2018. Se Rui Marques quisesse, podia tê-las neste exato momento.

Já temos interessados que chegavam para ter o dobro, mas vamos ser relativamente seletivos na adesão. Não queremos ter as lojas todas, mas sim passar uma imagem boa do que é o comércio de Braga”, explica Rui Marques. “A Farfetch, que reúne boutiques de Milão, Londres, Paris e Nova Iorque, só tem 400, por exemplo”, lembra. O exemplo não é ao acaso. O sucesso mundial da empresa portuguesa funcionou para a associação como um caso de boa prática, “mostrou que era possível fazer uma plataforma conjunta com retalhistas”, depois de tentativas passadas que não resultaram “porque não tinham uma entidade gestora”. É aqui que entra a ACB, que recebe uma parte das receitas das vendas para manter o projeto de pé. O resto foi financiado pelo programa Comércio Investe.

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Oferta diversificada de produtos e homogeneidade no posicionamento (médio/alto) são duas características deste negócio. Além disso, quem quiser aderir tem de ter uma loja física numa das 47 artérias centrais. Só micro e pequenas empresas são elegíveis. Espaços localizados em shoppings não podem entrar, a não ser que tenham acesso direto pela via pública. “Há estabelecimentos utilitários de proximidade que são importantes, mas aqueles bens de moda, por exemplo, devem estar no segmento premium, acima do que se encontra nos centros comerciais. Porque sabemos que, quando chove, as pessoas vão todas para lá”, sublinha o dirigente da ACB.

Estamos a associar-nos ao comércio de Braga e essa ‘bragalidade’ é importante“, assim como ter produtos que as pessoas gostem de comprar. Marcas conhecidas, como a Armani, Love Moschino, Jacob Cohen ou Reebok, estão no I Shop Braga. A oferta é fiel ao que vendem as lojas diariamente, sejam vinhos ou souvenirs da cidade, embora o vestuário, o calçado e os acessórios sejam os produtos dominantes.

Outra das condições determina que os preços praticados online e offline têm de ser os mesmos. Isto porque, se é verdade que já não é preciso sair de casa para fazer compras no Centro Histórico de Braga, também não se pretende que os clientes que enchem as ruas desapareçam. O objetivo é vender online para quem está longe. Não afastar quem está perto. “Nesta fase, os portes são suportados pelos clientes. Mas no futuro a plataforma de gestão pode oferecê-los numa determinada campanha ou montante de compras”, adianta Rui Marques. As lojas comprometem-se a “garantir uma gestão rigorosa de stocks para que seja possível expedir os produtos num prazo até 48 horas.

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No site também é possível ler alguns roteiros de bloggers de moda, não só com paragens em lojas mas também em monumentos, cafés e restaurantes da cidade. Outra lição aprendida com a Farfetch. “Hoje uma plataforma de comércio eletrónico não chega. É preciso conteúdo editorial”, sublinha o diretor-geral. Até porque, para além de produtos, um dos objetivos do projeto é vender a cidade (no bom sentido). “No futuro vamos conseguir também vender visitas a Braga. Tentar seduzir o consumidor diretamente, com um serviço personalizado de roteiros para pessoas que gostam mais de cultura, de história religiosa, de herança romana, etc.”. No fundo, atrair visitantes aos museus, aos jardins, às praças, às igrejas, à cultura da capital do Minho.

As encomendas já começaram a chegar e, ao longo dos próximos meses, a ACB vai aperfeiçoar a plataforma. “O grande trabalho neste primeiro ano é dar a conhecer” e atingir 125 mil euros de vendas. Em 2018 esperam somar 600 mil euros e já ter o site traduzido para francês e espanhol, para além dos atuais português e inglês. Daqui a dois meses será apresentar uma aplicação “que também vai funcionar como guia de locais para visitar” e com um “sistema de fidelização nas lojas aderentes”, que se traduzirá em pontos a converter em ofertas para os utilizadores. Enquanto o bónus dos pontos não chega, até dia 29 de fevereiro há saldos para aproveitar neste novo canal virtual de teletransporte até ao Centro Histórico de uma das cidades mais antigas de Portugal.