Falava-se de humilhação em Terrão, com uma derrota esmagadora dos ultraconservadores que lhes pode tirar todos os 30 lugares no Parlamento destinados à capital iraniana – 30 dos 290 deputados que constituem aquele orgão -, mas os ultraconservadores já “responderam”, com as agências de notícias afiliadas dos ultraconservadores a darem notícias de vitórias decisivas nas restantes principais cidades do país.

Segundo o The Guardian, que cita o ministro do interior, uma coligação de candidatos apoiada pelos reformistas denominada “a lista da esperança”, está prestes a conseguir ocupar os 30 lugares que os eleitores escolhem em Teerão. Estes resultados preliminares reforçam assim a posição do presidente Hassan Rouhani, um moderado.

Pode ter de se esperar até terça-feira para saber os resultados finais, mas todos os dados apontam para que os moderados e os reformistas consigam uma maioria no parlamento iraniano, deixando assim os ultraconservadores em minoria.

O presidente do Irão — que não é o homem mais poderoso do Irão, como explicámos aqui — terá dito no Twitter que esta reviravolta criou “uma nova atmosfera” no país.

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Mas os iranianos não votam apenas para o parlamento, votam ainda para a Assembleia de Peritos. E também aqui os moderados e reformistas parecem ter conseguido a liderança. A Assembleia de Peritos é um órgão composto por 88 teólogos islâmicos, que são eleitos por sufrágio universal — mas o Conselho dos Guardiães faz um processo de seleção prévio, que determina quem são os candidatos à Assembleia de Peritos. Uma das funções deste órgão é escolher o Líder Supremo do Irão — hierarquicamente a posição mais alta no sistema político do país ocupada por Ali Khameini. E, mais do que no parlamento, é aqui que a verdadeira mudança pode contar.

Em Teerão, a única cidade da qual já se conhecem resultados oficiais, a classe média votou em peso na lista com um misto de moderados e reformistas de Hassan Rouhani, mas mesmo que semelhante resultado aconteça nas oito principais cidades iranianas, esta lista estará muito longe da vitória, porque as oito maiores cidades só elegem 57 dos 290 deputados.

Os restantes resultados só serão conhecidos na terça-feira. Ainda assim, os ultraconservadores do regime iraniano já começaram a responder na guerra da opinião pública. Segundo algumas agências de notícias ligadas à face mais conservadora do regime persa, os ultraconservadores terão obtido vitórias decisivas no resto do país.

No entanto, as eleições não são apenas para o Parlamento. Os 30 milhões de iranianos que foram às urnas também votaram para eleger os membros da Assembleia de Peritos, que coordena os princípios islâmicos na governação do Irão, mas também, e mais importante, a nomeação do líder supremo, atualmente o ayatollah Ali Khameini.

Segundo o jornal norte-americano New York Times, os resultados em Teerão já permitiram afastar dois influentes clérigos ultraconservadores deste conselho, o ayatollah Mohammad Yazdi, o atual líder da Assembleia de Peritos, e o ayatollah Mohammad- Taghi Mesbah Yazdi, vulgarmente conhecido como o pai espiritual do ex-presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad. Este conselho é composto por 88 membros.