Os trabalhadores da refinaria da Petrogal, em Sines, decidiram esta segunda-feira convocar greves parciais, de 48 horas por semana, pela manutenção do acordo de empresa e direitos adquiridos, em plenário efetuado em Santiago do Cacém.

“Vamos avançar com nova jornada de luta, agora com dois dias por semana, das 00h de quinta-feira às 24h de sexta-feira, durante um período de um mês”, disse à Lusa o sindicalista Helder Guerreiro, do SITESUL (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul).

“A empresa pediu a caducidade do nosso acordo de empresa e de todos os mecanismos que temos em vigor que estão apensos ao acordo de empresa. Nós entendemos que os direitos dos trabalhadores não caducam e vamos lutar pelos nossos direitos“, acrescentou.

Segundo Helder Guerreio, que falava à Lusa depois do plenário realizado na Biblioteca de Santiago do Cacém, em que participaram apenas algumas dezenas de trabalhadores, a caducidade do acordo de empresa traria graves prejuízos para os trabalhadores, com a redução do trabalho suplementar, redução de dias de férias, redução de dias de folga para trabalhadores dos turnos e redução de direitos na área da saúde e complementos de reforma.

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Desde o dia 22 de janeiro que os trabalhadores da refinaria de Sines estavam a cumprir greves parciais de apenas oito horas por semana, mas na reunião plenária realizada esta segunda-feira decidiram agravar as formas de luta face à ausência de respostas por parte da administração da empresa.

De acordo com o sindicalista Helder Guerreiro, a paralisação de 48 horas por semana, que abrange todos os trabalhadores da Petrogal (cerca de 500 na refinaria de Sines e 2.000 a nível nacional), deverá ter início durante o mês de março, após concertação de datas com outras estruturas sindicais, na refinaria do Porto e na sede da empresa.

Quanto a eventuais consequências da greve agora anunciada, Helder Guerreiro diz que os trabalhadores da refinaria de Sines conseguem impedir o abastecimento de camiões-tanque e o carregamento de navios e operações de manutenção, mas não prevê qualquer dificuldade na distribuição de combustíveis a nível nacional.

“Para já não prevemos qualquer dificuldade, mas estamos num crescendo da luta. Há uma tendência para a radicalização. No futuro, não sabemos se, avançando com lutas mais prolongadas, isso não poderá pôr em causa os abastecimentos. Mas para já não é essa a perspetiva”, disse o dirigente sindical, acrescentando que não se compreende a retirada de direitos aos trabalhadores uma vez que a empresa obteve os maiores lucros de sempre no ano passado.