Os bancos comerciais angolanos contaram em janeiro com menos 65% de divisas do que um ano antes, cuja quantidade em dólares atingiu mínimos de alguns anos, indicam dados do Banco Nacional de Angola (BNA) compilados hoje pela Lusa.

Em janeiro de 2015, os bancos angolanos tinham adquirido divisas no valor de 1.800 milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) no mercado cambial, essencialmente vendidos pelo BNA, quantidade que no mesmo mês, mas deste ano, desceu para apenas 638,2 milhões de dólares (587 milhões de euros).

Deste total, o BNA vendeu apenas 493 milhões de dólares (453 milhões de euros) em todo o mês de janeiro, sendo o remanescente garantido pela compra de divisas, pelos bancos comerciais, diretamente aos clientes.

Angola enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a entrada de divisas (dólares) no país.

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Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, transaciona a nota de um dólar norte-americano acima de 300 kwanzas.

Segundo o BNA, a taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário apurada em janeiro ficou-se nos 155,616 kwanzas por cada dólar, quando um ano antes estava nos 104,17 kwanzas.

Há pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no mercado internacional, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.

Nas duas últimas semanas de fevereiro, as vendas de divisas pelo BNA aos bancos já foram feitas exclusivamente em euros.

Persiste a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.