A contagem de votos ainda decorre, mas mais de metade dos deputados do Congresso já votaram contra a investidura de Pedro Sánchez, líder do PSOE. Os socialistas espanhóis tinham acordo com o Ciudadanos, o que dificultou o entendimento com os restantes partidos.

Os 350 deputados votaram e na contagem dos votos 219 foram contra, 130 a favor e o partido da Coalición Canaria absteve-se. Na primeira votação no Congresso dos Deputados, o líder do PSOE precisava de maioria absoluta, pelo menos 176 votos.

Pedro Sánchez contou apenas com os 90 votos do grupo parlamentar socialista e os 30 do grupo do Ciudadanos (centro-direita), com o qual assinou um acordo de investidura na semana passada.

“Continuo confiante no diálogo e num eventual acordo que resulte num Governo de mudança e que melhore a vida de todos os espanhóis”, escreveu Sánchez na sua conta do Twitter.

“O PSOE deve apresentar a mesma proposta a votação daqui a 48 horas”, disse Patxi López, presidente do Congresso.

O candidato socialista submete-se na próxima sexta-feira a uma segunda votação (que apenas requer maioria simples, ou mais votos “Sim” que “Não” para passar). No entanto, as indicações dos vários grupos ao longo das sessões de investidura deixam antever que terá as mesmas dificuldades para ser aprovado.

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Pedro Sánchez é o terceiro candidato à presidência de Espanha sujeito a uma segunda votação. O mesmo aconteceu com Leopoldo Calvo Sotelo em 1981 e com José Luis Rodríguez Zapatero em 2008.

Albert Rivera, do Ciudadanos, que tem acordo com o PSOE, declarou-se “satisfeito” com o debate, apesar do resultado da votação. Rivera considerou que foram discutidas propostas que considera necessárias para Espanha. “Os espanhóis querem soluções, não querem mais problemas”, disse à saída da votação ao El País.

No Twitter, o Ciudadanos considerou que esta é uma “oportunidade histórica para pôr em marcha um Governo reformista e progressista”.

O segundo dia debate no Congresso de Deputados previa-se difícil para Sánchez e a contagem dos votos comprovou que os esforços não foram suficientes.

A discussão começou com Mariano Rajoy, ainda chefe do governo espanhol, a acusar Pedro Sánchez, o líder dos socialistas do PSOE de se apresentar com um acordo com o Ciudadanos que “não tem o mínimo sentido do ridículo” e de avançar com uma candidatura “irreal e fictícia”.

Por sua vez, o líder socialista retorquiu que foi por causa da “incapacidade” do líder do Partido Popular de “chegar a acordos com as outras forças políticas” que o parlamento espanhol votou a investidura de Sánchez.

Pablo Iglesias, líder do Podemos, subiu à tribuna para fazer um discurso inflamado e garantiu o voto contra a investidura de Sánchez, que considerou ser apoiada pelas “marionetas dos poderosos”. Pablo Iglesias referia-se aos membros do Ciudadanos.

O pacto entre PSOE e Ciudadanos foi indicado por todos os outros partidos como o principal obstáculo à investidura. Sánchez quer pôr em prática um plano com políticas económicas de direita e uma agenda social de esquerda, disse Alberto Garzón, líder da Izquierda Unida.

“Poucos entendem porque optou por um pacto com o Ciudadanos, que é um partido que tem uma ideologia enublada e que só se baseia na oposição ao nacionalismo Catalão e Basco”, afirmou Aitor Esteban do Partido Nacionalista Basco (PNB) dirigindo-se ao PSOE, juntando-se ao coro de vozes contra o entendimento entre Pedro Sánchez (PSOE) e Albert Rivera (Ciudadanos).

Como resposta, o líder do PSOE “estendeu a mão para diálogo” ao PNB. Pedro Sánchez lembrou que “podem-se encontrar muitos pontos em comum através do diálogo”, argumentando que o acordo que mantém com o Ciudadanos não é um impedimento para o entendimento entre o PSOE e o PNB.

Na intervenção do Grupo Misto, um grupo constituído por 7 partidos, Joan Baldoví, portavoz do Compromís, alertou que não subscreve o acordo entre o PSOE e o Ciudadanos e propôs a redação de um documento de consenso redigido com a participação de todos os partidos. Só tal documento — que não foi redigido — poderia garantir a maioria ao PSOE.

A segunda volta da investidura do candidato socialista à presidência do governo Espanhol, Pedro Sánchez, vai ter início na próxima sexta-feira às 18h30 de Madrid (17h30 em Lisboa).