Vários partidos da oposição brasileira voltaram, esta quinta-feira, a pedir a renúncia de Dilma Rousseff do cargo de Presidente, na sequência da divulgação de uma delação que a compromete no âmbito do Operação Lava Jato.

O senador Delcídio do Amaral, do Partido dos Trabalhadores (PT), numa delação premiada [prestação de informações em troca de possível redução de pena] citada pela revista IstoÉ, disse que a chefe de Estado brasileira interferiu por três vezes na investigação ao caso Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e usou a sua influência para evitar a punição de empreiteiros.

O senador referiu ainda que Dilma lhe pediu para tentar garantir que os empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, presos no âmbito da Operação Lava Jato, fossem libertados.

Nesta delação, o mesmo dirigente do PT também fez declarações que comprometem o ex-Presidente, Lula da Silva, dizendo que mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, e de outras testemunhas e pediu-lhe para evitar a convocação de pessoas para depor.

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Para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e para os Democratas (DEM), já não se pode negar que a Presidente e o seu antecessor sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.

“Chega, Presidente Dilma. Não dá mais. A senhora tem de ir à população esclarecer os fatos e dar uma chance ao povo brasileiro de recuperar a sua esperança”, afirmou o deputado Betinho Gomes, em nome do PSDB, na tribuna do plenário.

O deputado pediu à Presidente para ter “humildade de dizer que não há condições de ficar à frente do país”. O deputado Pauderney Avelino, líder do DEM, considerou que a delação de Delcídio “coloca mais uma vez a crise e a Lava-Jato no colo da Presidente Dilma e abraça Lula definitivamente”.

“A cúpula do PT transformou-se numa organização criminosa contra o Brasil”, acusou, defendendo que “a Presidente tem que pedir a renúncia”.

Já o vice-líder do governo, deputado Silvio Costa, do Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), defendeu a inocência de Dilma e pediu um tratamento igual da oposição relativamente às denúncias de recebimento de subornos envolvendo o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves.

O deputado Waldih Damous, uma espécie de assessor jurídico do PT, referiu que o senador Delcídio desmentiu a notícia de delação.

Vários elementos da oposição têm reiterado pedidos de renúncia da Presidente e recentemente decidiram-se aliar-se a movimentos anti-Dilma nos protestos de rua agendados para dia 13 de março.