A população chinesa, a mais numerosa do mundo, vai ter mais 45 milhões de pessoas daqui a cinco anos, quase a população de Espanha, mas vai continuar a ser confrontada com um problema envelhecimento, segundo projeções oficiais divulgadas, este sábado.

Em 2020, a China deverá acolher um total de cerca de 1,42 mil milhões de habitantes, segundo o 13.º plano quinquenal chinês apresentado na abertura da Assembleia Nacional Popular (ANP), o parlamento chinês, que ratificou em outubro o abandono da controversa política do filho único, passando a permitir duas crianças por casal.

Os 45 milhões de novos chineses esperados para os próximos cinco anos representam uma aceleração demográfica significativa em relação ao período anterior, quando o aumento foi de 33 milhões. Em 2011, o plano de cinco anos elaborado sob a política do filho único fixava o objetivo de conter o crescimento demográfico “abaixo de 1,39” mil milhões no ano passado.

Um objetivo que foi atingido – a China contava oficialmente no final de 2015 com 1,37 mil milhões de habitantes -, mas ficou marcado pela queda de 320.000 nascimentos em relação a 2014.

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As décadas de estrita aplicação da política de filho único, acompanhada frequentemente de violências feitas às mulheres, favoreceram o desenvolvimento económico mas conduziram a uma escassez da mão-de-obra e a um significativo desequilíbrio homem/mulher.

A população ativa — dos 15 aos 59 anos – continuou a diminuir, enquanto o número de reformados, com mais de 60 anos, não para de aumentar, acentuando a pressão já enorme sobre o sistema de reformas.

No final de 2014, 212 milhões de chineses eram oficialmente idosos, com mais de 60 anos, um número muito inferior ao do número de reformados.

A população ativa começou a recuar, pela primeira vez desde 1963, e em 2012 perdeu 4,87 milhões de ativos contra 3,71 milhões em 2014, de acordo com os números oficiais.

Para contrariar o fenómeno, “um retrocesso gradual da idade da reforma” vai ser aplicado, de acordo com o plano chinês.

Em 2014, nasceram na China em média 116 rapazes para 100 raparigas, para um rácio geral na população de 105 homens para 100 mulheres.

Cerca de 30 milhões de homens chineses estão assim na impossibilidade de encontrar uma mulher, provocando uma “crise dos solteiros”, potencialmente geradora de violência e instabilidade.