Mesmo passando por coração empedernido, é preciso dizê-lo: uma das vantagens do mundo digital é que torna muito mais simples o processo de lidar com os despojos de uma relação. Há o problema das redes sociais e a tentação de espreitar a vida do antigo amor, é verdade — sendo que até para isso há solução — mas regra geral os testemunhos de muitos anos apaixonantes podem ser arrumados numa pasta do disco externo.

Claro que sobram umas quantas fotografias que um dos dois se lembrou de revelar para pôr na mesa-de-cabeceira, os bilhetinhos deixados por baixo da almofada ou no guardanapo do pequeno-almoço surpresa (ah, o romantismo dos primeiros tempos) e aquela camisola larga que era usada para dormir em “conchinha”. Preciosidades que passam a ser matéria inflamável quando a relação termina e que agora já não têm de enfrentar um fósforo ou o caixote do lixo — podem ir parar a um museu.

Com data de abertura prevista para maio, o Museum of Broken Relationships é um conceito que nasceu em Zagreb, na Croácia, e que agora vai chegar a Los Angeles, nos Estados Unidos. O objetivo está bem explícito no título: expor as relações que falharam a partir de objetos pessoais de quem teve o seu coração partido, objetos esses reunidos através de doações anónimas.

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Um exemplo pouco ortodoxo que se pode encontrar no museu original, na capital da Croácia, é um machado que foi doado por uma mulher de Berlim. Como se lê na descrição da peça, o “ex-axe” foi usado para destruir a mobília do ex-namorado quando ele a trocou por outra mulher.

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O museu original

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O Museum of Broken Relationships nasceu originalmente na Croácia, em 2006, pelas mãos de Olinka Vištica e Dražen Grubišic, um ex-casal. A coleção de objetos resultantes de relações terminadas começou por ser itinerante e correu várias cidades do mundo até se fixar em Zagreb, a capital croata, em 2010. O museu de Los Angeles que deverá abrir em maio é assim a segunda localização permanente da casa dedicada aos corações partidos.

Mas como escreve o LA Weekly, há outras peças mais pacíficas que deverão integrar a coleção do novo museu de Los Angeles, de uma gaveta cheia de mixtapes (cassetes gravadas com várias músicas) a um bouquet de flores de papel. Todos os objetos são acompanhados por um cartão com a cidade e o país de origem, e ainda com uma legenda a explicar a importância emocional do objeto.

Por isso mesmo, os responsáveis estão a pedir às pessoas que queiram doar/ver-se livres dos seus despojos que escrevam a história da peça que estão a oferecer, ajudando assim a construir um “espólio emocional coletivo” ao mesmo tempo que fazem a catarse do desgosto que terão sentido.

As inscrições estão abertas por isso pense bem antes de rasgar em mil pedacinhos aquele bilhete do concerto que foram ver no primeiro encontro.