Sem oposição interna, Pedro Passos Coelho foi esta noite reeleito líder do PSD, com 95,02% dos votos, a maior votação alguma vez alcançada nas diretas do partido, anunciou o presidente do Conselho de Jurisdição, Calvão da Silva, numa comunicação na sede do PSD, em Lisboa. Em 2014, quando se recandidatava pela terceira vez, e também na qualidade de candidato único, Passos recebia o apoio de 88% dos militantes. Agora, numa altura em que diz estar a iniciar-se “um novo ciclo” na vida política portuguesa, Passos é erguido em braços e promete “coesão” interna para o PSD ser a “alternativa” ao atual Governo.

Votaram nas eleições diretas deste sábado um total de 23 271 sociais-democratas, de um universo de 50 291 militantes. Destes mais de 23 mil eleitores, o candidato único teve precisamente 22 161 votos, acrescentou Calvão da Silva.

A liderança de Pedro Passos Coelho iniciou-se a 26 de março de 2010, quando venceu as diretas por mais de 61% dos votos, derrotando Paulo Rangel (34,44%), José Pedro Aguiar-Branco (3,42%) e Castanheira Barros (0,27%). Cerca de dois anos depois, em 2012, Passos Coelho foi novamente eleito líder, com 94,65% dos votos, e em 2014 alcançou 88,89% dos votos. Esta é, por isso, a quarta vez que se submete ao escrutínio do partido, sendo reconduzido com a maior votação de sempre.

O mandato de presidente do partido tem a duração de dois anos, sendo Passos Coelho o candidato do PSD a primeiro-ministro se o atual Governo não chegar ao fim da legislatura e forem convocadas eleições entretanto. O congresso do PSD que vai formalizar o início do novo ciclo de Passos acontece nos próximos dias 1, 2 e 3 de abril, em Espinho.

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Falando aos jornalistas na sede do PSD, depois de conhecidos os resultados da votação, o líder do partido garantiu “coesão” interna para construir a “alternativa” ao Governo “populista” do PS com o apoio das esquerdas. Segundo Passos, as últimas semanas de campanha interna permitiram “mostrar que o PSD está vibrante, mobilizado e coeso” em torno da sua liderança.

“A eleição que hoje decorreu no PSD foi realmente uma eleição com uma grande participação e isso vai ao encontro daquilo que foi a campanha que desenvolvi durante os últimos 30 dias, e que procurou confrontar os militantes com a situação que o país vive nesta altura e, em particular, com as escolhas a ser feitas para futuro”, disse.

Em causa está o início de todo um novo ciclo político. “O PSD inicia um novo ciclo na vida política portuguesa. Sendo o maior partido português com assento parlamentar, tendo vencido as últimas eleições legislativas, é também o maior partido da oposição, a quem compete fiscalizar o Governo e, na Assembleia da República, promover um compromisso reformista com o país, que foi o que apresentei aos militantes”, começou por dizer o líder reconduzido, referindo-se à moção global de orientação estratégica com que se vai apresentar ao congresso do partido.

Sem eleições legislativas à vista nos próximos dois anos, a não ser que o acordo à esquerda falhe e o Governo socialista caia, Passos identificou os próximos desafios: as eleições regionais dos Açores, que se realizam este ano, e as eleições autárquicas de 2017, para as quais o partido deve preparar-se para “apresentar as melhores candidaturas”.

O líder social-democrata afirmou ainda que “é fundamental que o país nos próximos anos possa ter uma alternativa a este Governo, que no essencial tem apresentado um programa de reversão, de desfazer o que o anterior Governo fez, de, no fundo, andar para trás, gerindo de forma populista e facilitista as aspirações dos portugueses”. Por oposição, o PSD é um partido “que não quer gerir o dia-a-dia, que não quer andar para trás, que não quer populisticamente procurar aquilo que é mais fácil ou mais demagógico”, mas trazer, com “mais algum esforço, um futuro melhor” para as atuais e futuras gerações, argumentou.

Esta tarde, depois de votar para as eleições diretas do partido, Passos tinha-se recusado a adiantar se daqui a dois anos será de novo candidato afirmando que o PSD tem “muitas pessoas que poderiam candidatar-se à liderança e que poderiam ser bons presidentes do PSD”. Falando da sua sucessão, deixou ainda claro que não é “invejoso” nem está “preocupado com quem há de vir”. “Porque isto não é uma dinastia”, disse.